Por Marina Pechlivanis
Podem falar o que for, mas esta ação de marketing promocional, propaganda subliminar, ativação, promoção — ou o nome que quiserem dar — foi um marco.
Quem viu, sabe a força do gesto, o poder do ritual, a energia da transformação que fez com que um objeto virasse personagem coadjuvante de um filme.
Quando você dá uma busca por bolas Wilson, é a Wilson da carinha que aparece em primeiro lugar. A bola que virou uma história; a história que ficou estampada numa bola.
Foto: Reprodução/Google.
Para quem não sabe do que estou falando, nem da bola e nem do filme, eis as legendas: Wilson é uma marca de equipamentos esportivos que existe desde 1914 e faz parte do grupo Amer Sports.
O nome Wilson estampa e nomeia diversos produtos da marca, como as bolas de vôlei — feitas em couro e PVC com espuma tamanho oficial nº 5, costuradas a mão e com câmara de butyl contendo Soft Play Technology.
E, por conta do filme “O Náufrago”, lançado em 2000, estrelado por Tom Hanks e contando a história de um inspetor da FedEx que naufraga e tenta sobreviver por quatro anos em uma ilha deserta, Wilson se transformou em Sr. Wilson: confidente, amigo e psicólogo do náufrago.
Sabe como? O protagonista, após encontrar uma bola entre as caixas boiando,depois do acidente, estampa no couro o sangue de sua palma machucada ao atirá-la longe. Ao pegá-la novamente, percebe que fez o desenho de um rosto, que completa com olhos, nariz e boca — o personagem Wilson!
Comercial de duas horas? Roteiro comprado? Elenco vendido? Muito mais que isso.
Para além da estampa, que virou licenciamento e vende produtos, a trama se transformou em uma história que foi reapropriada, ressignificada, recontada. Um case.
Esse é um exemplo. Existem outros. Mas como são poucos!
Então, minha gente, cadê o planejamento integrado realmente integrado, cadê as sacadas que saem da caixa e vão para a TV, da TV para o PDV, do PDV para o Youtube, do Youtube para o seu final de semana jogando vôlei na praia e assim vai?
Cadê as narrativas que mobilizam, do desenho do produto até a logística reversa pós-consumo? Cadê o carisma? Cadê o charme?
Cadê a ardilosidade que faz com que uma ação seja proprietária de apenas uma marca e não uma commodity que todo mundo pode fazer igual? Cadê o pensamento sustentável que traz eficiência máxima para cada centavo investido em divulgação, comunicação, em promoção?
Será que o mercado está me ouvindo?
O Sr. Wilson, aqui na minha frente, olhando para mim com ar pensativo, eu sei que está!