Alguns meses se passaram desde a morte de George Flyod.
A pergunta: O que estamos dispostos a perder para ver esta mudança?
Essa frase, dita por uma jornalista que cobre os jogos da NBA, me faz começar a escrever este artigo.
Pela primeira vez, na história da NBA, um time decide perder um jogo para protestar.
O time do Milwaukee Bucks decidiu não jogar contra o Orlando Magic, em um claro protesto contra o racismo da polícia americana, se dispondo a perder um jogo decisivo dos playoffs, as semifinais da NBA.
Imagino que chegar a esta etapa do campeonato custou muito para essa equipe, que trabalhou e se esforçou um ano inteiro.
Para o Milwaukee Bucks, a resposta a essa pergunta é: Vale a pena colocar “fora de jogo” todo o árduo trabalho de um ano para protestar? Este foi o sacrifício da equipe.
Não estamos novamente falando de George Floyd.
Este é um novo caso, o caso de Jacob Blake. Jacob, que é negro, estava apartando uma briga entre 2 mulheres quando levou sete tiros pelas costas da polícia de Kenosha, no Estado do Winsconsin. Blake estava desarmado e com seus filhos. O caso gerou uma nova onda de protestos nos Estados Unidos contra o racismo.
De novo, neste momento, revisito meu artigo, em que falo sobre a onda de protestos deflagrados a partir do caso George Floyd, chamado “O que todos vimos”, porque desta vez as imagens parecem doer ainda mais.
Isso me mostra que, quando falamos de ações afirmativas, precisamos cada vez mais nos colocarmos contra o preconceito, as discriminações e as desigualdades sociais para construirmos um futuro melhor para o mundo.
Eu sou filha de um jogador de basquete, campeão em sua luta, campeão na criação de seus filhos, mas não posso fechar os olhos quando vejo que as oportunidades não são iguais, e até o momento estamos perdendo no jogo.
Os americanos de fato, acham que a grandeza do país está em poder lutar pelo que se acredita respeitando as opções individuais de cada um, mesmo que não concorde com elas.
Olho para o Brasil e me pergunto quanto tempo ainda levaremos para concordar com esta frase que se traduz em respeito. Respeitar a opinião das pessoas é algo escasso hoje em dia.
Porém, para quem me conhece, sabe que : Desistir Jamais!
Eu continuarei desempenhando o meu papel social discutindo diversidade, inclusão e equidade na comunicação. Aplaudirei campanhas criativas que consigam olhar o outro com o respeito que eles merecem.
Mas nem todo dia estou disposta e plena para lutar.
Nesta luta, um outro herói deixou de lutar. Não sei se consigo explicar o que significa sua morte. Chadwick Bose, não era somente um ator, já que, a partir de sua atuação no filme Pantera Negra, passou a ser muito mais do que apenas um artista.
Ele se transformou no herói da representatividade para qualquer criança negra. Um herói que surgiu poderoso, dando significado à autoestima da população negra.
No decorrer destes dias, não vi ninguém se manifestar sobre Breona Taylor, e me pergunto por que somente os nomes masculinos são pronunciados nesta luta. Precisamos gritar pelo seu nome também.
Respiro fundo e penso, o mundo precisa mudar e preciso continuar lutando para contribuir com essa mudança. Preciso fazer minha parte, e não importa se ela é pequena ou grande, mas sim que é minha.
Então, eu te convido a fazer a sua parte e contribuir para esta mudança no mundo.
O jogo parou.
Um herói morreu.
Vamos juntos?