Criativos,
Julgue isso(01): vou te dar Um toque na cuca (02) pra você dar Um chute na rotina (03) e uma dica primordial: Comece pelo começo (04) e já se questione sobre Trabalhar pra quê(05).
Afinal, podemos pensar Rápido e devagar(06), mas a gente Vai lá e faz (07), temos que ter Sonho grande (08), e perceber as muitas Oportunidades disfarçadas (09).
Mas não fique estudando a Arte e ciência da criatividade (10), apenas Pense como um freak (11), faça o Empreendedorismo para subversivos (12) e seja um dos Originais (13), entendendo “Como os inconformistas mudam o mundo” e apesar de existir o Poder dos quietos (14), você será sempre questionado: Qual é sua obra?(15) e não descanse enquanto alguém não te falar: Eu não acredito que você fez isso (16).
Para isso, use o Manual do cara de pau (17) e do Blefe (18), entenda o jogo, Seja foda! (19), Pense como um artista (20), Roube como um artista (21), Mostre seu trabalho (22), Siga em frente (23) e aplique A sutil arte de ligar o foda-se (24), porque Quem fala bem vende mais (25) e você precisa muito ter a noção muito clara de quando deve Dar e receber (26).
Este texto foi montado com o título de 26 livros, escritos pelos autores: (01) Chip Kidd – TED, (02) (03) Roger Von Oech, (04) Simon Sinek, (05) Barry Schwarts, (06) Daniel Kahneman, (07) Tiago Matos, (08) Cristiane Correa, (09) Carlos Domingos, (10) George F. Kneller, (11)Steven Levitt e Stephen J, Dubner, (12) Facundo Guerra, (13) Adam Grant, (14) Susan Cain, (15) Mário Sérgio Cortela, (16) Bob Fenster, (17) Carlos Queiroz Telles, (18) Ediouro, (19) Caio Carneiro, (20) Will Gompertz, (21) (22) (23) Austin Kleon, (24) Mark Manson, (25) Bob Floriano e (26)Adam Grant.
Tudo começou, quando eu me preparava para com muita honra participar do “Festival Nós Criativamos”, superiniciativa da Fabi Guerra @fabilivelove. E dentro de um line-up incrível com Sandro Vieria, Waguerê Vitorino, Paulo Suplicy, Adriana Castanho, Sabrina Machado, Lenine Murr Neves e outros tantos incríveis profissionais falando sobre a criatividade principalmente dentro do mercado de brand experience/live marketing, eu me via na tarefa de contribuir com a criatividade, e, principalmente, com os criativos deste mercado que respeito tanto.
E foi justamente assistindo a live do meu grande amigo Waguerê, onde ele cita uma frase do livro Criatividade S.A., de Ed Catmull, que eu me vi pilhado em conhecer melhor esse livro, ainda mais vindo de um cara e de um profissional que eu respeito tanto, pensei: devo comprá-lo, devo lê-lo ou no mínimo devo tê-lo. Tudo mundo tem que ler, porque eu não li ainda? E essa sensação permaneceu mesmo recebendo-o no dia seguinte em formato de PDF.
E decidi então olhar na minha “coleção” de livros, o que eu tinha sobre criatividade, afinal e se me pedissem uma sugestão de livro, qual seria ele? Qual que me impactou mais, que me deu mais substrato, que mudou minha vida ou que simplesmente me deu possibilidades de pensar diferente ou ser mais criativo?
E eu fiquei horas separando-os, muitos achei melhor nem mexer de tão escondidos que estavam, mas separei aqueles que eu achei que seriam mais indicados, e não eram poucos.
Me surpreendi por encontrar 5 deles em duplicata (ou seja: ou ganhei mais de um ou devo ter comprado pensando que eu não tinha). E diante de tanto material, fiquei refletindo o quanto um livro é importante pela sua função básica: lê-lo ou pelo poder psicológico de tê-lo, de ter sido seduzido pela proposta da sua capa, por sua cor, pelo seu projeto gráfico ou pela possibilidade de ter um discurso pronto de que ele já fazia parte do seu acervo?
Me vi rodeado de livros que pouco li, outros que desisti em algum momento e talvez todos que num delírio de presunção, achei que algum ato físico químico espacial me permitisse fazer o download do seu conteúdo simplesmente por tê-lo ao meu lado, na minha mesa ou na minha estante. Daí o título “The book is on the table. The book is on the shelf”.
E conversando com meu coach, ele me falou da força que uma capa, sobre-capa, abas e indicações têm em relação ao livro que você escolheu comprar e teoricamente ler. E eu que não fiz nenhum curso de leitura dinâmica, mas até conheço técnica bem loucas de acessar seu conteúdo de forma menos convencional, percebi o quanto a simples mensagem de uma capa, possivelmente traduzindo a mensagem principal do autor, não teria já um poder extraordinário de nos passar uma mensagem incrível, muito pessoal talvez como absorção, mas igualmente importante.
E pensei o quanto nosso cérebro, numa analogia com a computação, já não teria nos dado a mensagem de “disco cheio”. Será que ele ainda aguentaria mais um texto, uma leitura, uma reflexão ou um novo conceito? Principalmente se todos aqueles outros que já imputamos ou fizemos o download, não tiverem ainda sido utilizados? E foi dentro destes pensamentos tortos, mas que pra mim faziam sentido, que olhei pra minha estante, aquela cheia de livros, coisas, bonecos, toy arts e muitas lembranças, e percebi que mais do que ler, mais do que saber, mais do que acessar e mais do que absorver tudo aquilo que ali existia, eu me sentia muito bem, mas muito bem mesmo por saber que eles estavam ali.
Talvez funcionando como uma decoração, talvez sendo um daqueles livros de banco de imagens que não terão mais função, quem sabe esperando que eu os folhei e acesse insights e ideias incríveis, ou apenas ali quietinhos e bem tratados, aguardando o momento certo em que eu possa consumi-los, mas tendo a certeza de que eu tivesse no HD espaço suficiente não só para guardá-lo, mas para processá-lo e principalmente usá-lo.
E foi deste momento de grandes reflexões, que sobrou a brincadeira (revelada já na Live e que abre esta coluna) de pegar alguns dos livros que eu mais gostei de ler, ter, comprar ou absorver, e a partir de seu título construir uma mensagem importante para quem tem a preocupação de se manter atualizado, informado e ávido por absorver. Porque a gente as vezes se pauta muito pelo input e despreza que é imprescindível também o output.
A gente não percebe que precisamos de tempos em tempos dar uma zerada no “nosso” HD, jogar fora um monte de arquivos desnecessários e melhorar nossa performance.
Afinal, eu sempre fui amante dos livros, não só de seu conteúdo, mas de suas capas, suas lombadas e até do seu cheiro. Ir em uma livraria é uma viagem que mexe com os sentidos. Eu herdei isso do Seu Zé, meu pai, que sempre gostou muito de ler. De coisas mais “importantes”, vamos assim dizer, até “bolsilivros” de faroeste – que eu também lia com muito interesse.
Mas minha relação com livros começou certamente antes, aos 7 anos de idade, quanto ganhei uma coleção de livros do Monteiro Lobate em um concurso de desenhos de seus personagens.
É claro que nessa idade tive uma ajuda especial da Dona Tetê, minha mãe, mas chegar em casa com uma caixa pesada daquelas e ainda se sentindo vencedor, foi a primeira sensação de vitória que tive na vida. Não que isso justificasse eu ter assustado os vizinhos com meus gritos chamando a minha mãe para me ver chegando…rs
Quando entrei no mercado de publicidade, fique encantado com os livros de imagens que eram fornecidos por bancos de imagem como o Image Bank, o StockPhoto, o GettyImage e muitos outros… Eu me deliciava procurando a imagem certa para um anúncio, uma campanha ou as vezes apenas um layout.
Naquela época – e põe tempo nisso – não existiam ainda os arquivos digitais, algum tempo depois eles começaram a vir em CDs, mas quando eu tive os primeiros contatos, a gente escolhia a imagem, ‘scanneava’ (inclusive na diagonal para não dar “moiré” – um efeito gráfico indesejável quando o alinhamento de pontos/retículas de uma imagem geram um tipo de “ondulação” ao ser captado ou sobreposto com outro).
E daquela época, certamente muito mais trabalhosa na tarefa de escolha e preparo de imagens, me sobra uma constatação: a gente perdeu muitas sinapses com as novas tecnologias, pois olhar os livros, procurar as imagens e virar página e páginas já era um processo criativo muito intenso, de forma que ao encontrar a imagem procurada, todas as outras de alguma forma haviam criado um craquele incrível de referências que construiam a ideia, a inspiração e o layout que faríamos.
Por muito tempo, eu tive muitos livros de banco de imagem em casa. Hoje quase não os tenho, mas estendi essa paixão pelos livros de referência. Por muitos anos e até hoje, eu comprei muitos livros que traziam informações, referências, cases e ideias que utilizei em muitos projetos.
De logotipos, passando por layout de peças gráficas, cartazes, arte, arquitetura, stands, decoração de ambientes, design, ilustrações, fotografias, materiais promocionais, color books, enfim… eram livros e mais livros, adquiridos em livrarias, em viagens, e, principalmente, comprando de “livreiros” como a Casa Ono, a Rio Books (que tinha um casal que sempre visitava as agências), a OpenBooks (do Romeu e onde até hoje assino a Revista Archive), e, principalmente o Sandro Almeida, da Arte&Leitura, que por muitos anos me vendeu livros mensalmente: alguns particulares e muitos para a montagem de uma incrível biblioteca de referências na Agência Super, e que infelizmente não tenho a mínima ideia do seu paradeiro, já que a agência fechou há alguns anos.
O Sandro, um cara gente boa e que virou um grande amigo, com o tempo e a chegada de um processo de pesquisa cada vez mais digital, foi entendendo que o seu business não seria mais as agências, que por muito tempo compravam muito e criavam incríveis bibliotecas, além dos próprios profissionais que gostavam de ter seus próprios books.
Ele começou a se dedicar aos livros para serem usados como decoração e hoje muitas casas incríveis, de design de interiores impecável e assinado por melhores arquitetos e decoradores do Brasil, têm nele o fornecedor daqueles livros de capas lindíssimas, chamativos e que estarão ali não para serem lidos, estudados ou olhados, mas para serem simplesmente uma peça de decoração.
É óbvio que os meios digitais nos permitem acessar hoje muitas informações e em um tempo muito menor, mas todo mundo está acessando os mesmos sites, os mesmos hubs, os mesmos canais de tendências e de compartilhamento das referências mais atualizadas em termo de artes, arquitetura, design, moda e publicidade. E se ganhamos tempo com isso, o custo talvez tenha sido o de tudo ter ficado tudo tão igual, padronizado e commoditizado. Afinal, a fonte é a mesma.
Ainda consulto livros pelo exercício sinestésico e as vezes anestésico de virar suas páginas, de se encantar com a próxima imagem ou simplesmente ser seduzido pela sua capa.
Há alguns anos li um comentário de uma conhecida publicitária que de forma irônica relatava que tinha visto um de seus profissionais folheando um anuário de festival de alguns anos atrás e ela ao perguntar porque ele estava fazendo isso, ele havia lhe respondido que estava pesquisando para ter uma nova ideia.
E ela se questionava como procurar uma nova ideia em um livro antigo, e posso dizer que desde então – apesar do grande sucesso profissional dela – eu me pergunto o porquê dela ter desrespeitado um livro, e se esquecendo que muitas vezes olhando para o passado, a gente encontra as condições de desenhar o presente e até o futuro.
Achei de uma superficialidade gigantesca sua crítica, e hoje olhando para o futuro da inovação que é mais do que necessário, eu nunca deixaria de sugerir que olhando o passado a gente conseguiria ser inspirado para redesenhar o futuro. Uma referência, um livro, uma ideia, uma pintura, uma peça de teatro ou qualquer tipo de informação e referência, não deveriam jamais serem avaliados numa relação tempo x espaço, porque até mesmo a sua estética antiga ainda pode ser uma referência importante de absorvermos.
E entre livros em prateleiras e em cima das mesas, vale um questionamento claro e que pede maturidade: a gente entender claramente se não é melhor que eles estejam ali, mas ainda ao se alcance, do que maquiavelicamente pulando na sua frente como um pop up e te questionando – dentro da sua grande auto crítica – Porque não lê-lo? Porque não ter tempo para ler? ou Cadê a sua vontade de consumir mais conteúdo?
E antes de ficar sem ar, se pergunte se esta dificuldade não seria justamente um aviso do seu cérebro e do seu sistema para que você antes disto, revise o que já tem no “seu HD”. Use o que já tem ou jogue fora o que não for usar. Pois quem se enche de muita informação e não as usa, pode ficar doente, inclusive com essa grande ansiedade de informação, que precisa de filtros e a consciência de que a gente as vezes já sabe o suficiente e o que nos falta não é mais um livro, curso, workshop ou referência, mas simplesmente USAR!