Está chegando a hora da chama olímpica completar sua missão, mais uma vez.
Dia 23 de julho de 2021 ela acenderá a pira olímpica, marcando o início dos Jogos de Tóquio 2020, um ano depois.
A chama representa a missão do olimpismo, de construir um mundo melhor através do desporto.
Um dos aprendizados mais importantes, está na filosofia dos jogos, que nos ensina que, do outro lado, não estão os inimigos. Estão os adversários. E são os adversários que glorificam as vitórias. Sem eles, não existiria a competição.
A chama viajou desde a Grécia. Completará 20.000 km percorridos em solo japonês. Terá sido conduzida por 10.000 condutores e terá levado 121 dias até o dia do acendimento da pira olímpica.
O percurso iniciou-se de forma emblemática. A chama saiu da Grécia direto para Fukushima.
O tema deste fantástico percurso é: A ESPERANÇA ILUMINA O NOSSO CAMINHO.
Para mim, é sempre um momento de muita emoção, todo o período olímpico. Citius, Altius, Fortius, que em latim significa “mais rápido, mais alto, mais forte”, é a busca dos atletas, durante os dias de competição.
Desta vez, depois de 3 olimpíadas seguidas, volto a assistir as competições nas telas, em minha casa. Tive o grande privilégio de estar envolvido diretamente com as três últimas: Beijing 2008, London 2012 e Rio 2016.
Mais que isso. Nos Jogos de Londres e do Rio de Janeiro, tive a honra de ser um dos condutores da chama.
Uma frase nos diz que a primeira vez, a gente nunca esquece.
Mas eu tive 2 primeiras vezes; a primeira vez, aconteceu na cidade de Kilmarnock, solo escocês. Lá estava eu, devidamente uniformizado, muito emocionado, no meio de uma rua, numa pequena cidade, um monte de crianças esperando pelo momento em que eu receberia a chama olímpica.
Eu já tremia de emoção. E para melhorar a situação, uma das coordenadoras do tour, me abraçou e cochichou em meu ouvido: “nos próximos minutos você será o único no planeta a ter, em suas mãos, a chama olímpica”. Confesso que ficou difícil andar.
A segunda primeira vez aconteceu em Teresópolis, uma cidade próxima ao Rio de Janeiro. Fui escalado para esta cidade pois meus pais moravam ali, nesta época. Teresópolis foi o lugar onde passei todos os verões na minha infância e adolescência; ou seja, um lugar cheio de boas lembranças.
Pois é, a segunda primeira vez acontecia em meu país e, neste lugar especial, a cerca de 500 metros da casa de meus pais. Emoção à flor da pele. Mas não parou por aí. Recebi a chama de uma pessoa com quem trabalhei por muitos anos. E passei a chama para meu filho, na frente de toda minha família; as 4 gerações.
Hoje, 5 anos depois, continuo ansioso. Torcendo para que seja uma só festa, proporcionada pelos atletas de todo o mundo. Sei bem o envolvimento, o trabalho, as horas e horas de reuniões infindáveis para planejar, negociar, construir cada detalhe.
Costumava dizer para as minhas equipes: “Calma pessoal. Afinal trata-se, só, do maior evento do mundo”.
Serão quinze dias de um grande desafio.
Espero, com todas as minhas forças, que tudo o que foi planejado, possa acontecer sem qualquer atropelo.
Estarei aqui, torcendo para todos, para que nenhum problema aconteça, para que tudo seja preciso.
Não teremos, é verdade, a festa das pessoas nas arenas de competição, mas devemos olhar e comemorar a vitória de ter conseguido realizar as Olimpíadas de 2020.
Com toda esta condição adversa, por conta de uma pandemia, que inclusive impediu a realização dos Jogos na data prevista, o que devemos fazer é realmente adotar o tema do tour da tocha olímpica. Que a esperança ilumine nossos caminhos.
Saudações Olímpicas