Era um final de semana, e, logo pela manhã, comecei a preparar uma aula para palestrar a convite da Rede Mulher Empreendedora – RME no programa Women Will do Google.
O objetivo era fornecer para este grupo de mulheres de Paraisópolis uma formação na área de empreendedorismo com uma atenção especial aos softs skills.
Quem tem filhos sabe que sábado é um dia especial, dia de colocar a conversa da semana em dia, de entender como será a dinâmica do final de semana.
Helena, minha filha, estava com 13 anos, no ápice de sua adolescência, e com aquela peculiar falta de paciência, típica dessa idade.
Na terceira vez em que me chamou, respondi: Estou preparando um material.
Para que mamãe? E lá fui eu explicar para que o material serviria.
O tempo correu, como sempre, e já eram mais de 18h, quando novamente me chamou para ir a seu quarto, e, desta vez, para assistir a uma cena do seriado “Greys Anatomy”, e a cena em questão era sobre a pose poderosa, pose de poder ou, como alguns se referem a ela, a pose da “Mulher Maravilha”.
Mãe, é verdade mesmo que se fizermos esta pose, antes de algo importante como uma prova, teremos um desempenho melhor?
Respondi: Não sei, mas, vamos ver isso juntas?
Pesquisando sobre o assunto, descobrimos que a psicóloga e professora de Harvard, Amy Cuddy, estudando essa postura, por ela denominada “pose de poder”, concluiu que mesmo se, praticada fora de contexto, por dois minutos, é capaz de provocar uma descarga de testosterona no cérebro, ao mesmo tempo em que restringe a produção de cortisol, o hormônio do stress.
O resultado é a diminuição da sensação de nervosismo, aumentando o grau de autoconfiança. Cuddy ficou mundialmente famosa após fazer um TED revelando sua pesquisa.
Se você ainda não assistiu a este TED, pare agora e assista.
A pesquisa realizada brilhava em meus pensamentos. Eu queria falar sobre isso em minha palestra, que recebeu o título “Aprenda a Vender seu Peixe”, uma palestra sobre vendas.
Eu pensava, será que seria bom colocar neste momento da palestra uma ação para quebrar o ritmo, fazendo todas as mulheres ficarem em pé? Será que cabe esta pose?
Meus pensamentos me davam muitas ideias para engajar este público.
Fechei os olhos, e resolvi acreditar que esta seria uma ótima opção.
Desde o projeto piloto, passaram-se 4 anos, tempo em que o projeto cresceu. E cresceu muito. Tanto que dele, o Instituto Rede Mulher Empreendedora – RME criou o programa “Ela Pode”, com o patrocínio do Google.
Um programa para capacitar 135 mil mulheres em 2 anos, tornando-as confiantes e preparadas para o autodesenvolvimento pessoal e profissional. E eu mais uma vez fui selecionada para ser facilitadora deste programa, que ainda não completou 2 anos, mas, especialmente neste mês, nós comemoramos a marca de 100.000 mulheres capacitadas.
Quanto?
Isso mesmo, 100.000 mulheres capacitadas.
É preciso comemorar esta marca e eu já o estava fazendo.
Dentro de mim um orgulho imenso de ver onde podemos chegar, quando acreditamos em algo. Quando nunca desistimos de nós mesmos.
No dia da comemoração houve muita emoção, muito choro, muitas risadas, muito orgulho de pertencer a este projeto incrível, mas para mim, houve uma surpresa a mais, saber que a união de todos os participantes: equipe do Instituto RME, facilitadoras, multiplicadoras e mulheres capacitadas reproduziam em um gesto o programa. Um gesto não, uma pose. Uma pose poderosa.