Dentre os textos que li, neste final de semana, especialmente sobre o Lollapalooza, um me chamou a atenção pelo teor.
Thiago Ney, que não sei se é jornalista, crítico musical ou comercial de vendas, pela maneira que escreveu o texto, fala, com desconhecimento de causa, de marketing, sobre as ativações e ações (são duas coisa diferentes, Ney) de live marketing, insinuando que o Festival perdeu seu perfil independente pelo grande número de marcas presentes, usando o merchandising.
Grande número de marcas indica sucesso de um grande EVENTO.
Desculpe a franqueza, mas me pareceu visão típica de quem quer valorizar a mídia tradicional em detrimento dos pontos de contato, que, possivelmente, ele nem saiba o que seja.
Talvez ele ache que um anúncio, uma marca plotada ou um comercial seriam adequados ao público do Festival em detrimento do mobile ou redes sociais, que sei lá se ele gosta.
Pode ser que tenha estudado Marketing na Era do Marketing 1.0 e pense: “Dane-se o consumidor e seus desejos, nós os manipulamos.’’ Precisa ler o livro Markerting 3.0 do Kotler e entender o que está acontecendo no mundo.
Ah!, Thiago, o live marketing é brasileiro, tá. Os estrangeiros nos convidam a ensiná-lo por lá e seria fácil mostrá-lo aqui aos nossos, se eles quisessem mesmo entendê-lo.
As experiências de marca (brand experience) não ocupam os festivais, feiras e shows apenas, ocupam o mundo das marcas e tudo mais que as cercam. E não por que sejam ‘duca…’. Ocupam porque marcas não querem mais ser vistas, querem ser incorporadas, sentidas e fazer parte da vida e dos momentos importantes de seus consumidores e fãs. Como estar num Festival, por exemplo.
Acho que te colocaram numa furada, num metiê estranho, pois seu texto é eivado em alguns princípios básicos de Marketing e de shows musicais, tais como:
1- A maioria do público de shows musicais não vai “assisiti-los” passivamente, vai vivê-los, daí, querer experiências;
2 – Sem as marcas não haveria, em alguns casos, contratação de bandas, e, talvez, nem os Festivais;
3 – As marcas não querem concorrer com o show. Querem que ninguém vá embora nos intervalos, e, com ativações pertinentes, dão-lhes vida como atrações e mantêm-se vivas e associadas aos eventos, e, especialmente, ao seu público.
E quem disse que marcas estampadas em telas ou plotadas em banners, apostas em flyers são algo significativo para o público, hoje?
Ele, quando o show acontece, olha para o palco, para os artistas, e, aí sim, marcas, nesse contexto, seriam invasivas e impertinentes. Porque festivais de música são de música e ponto.
Quem disse que o público só vai aos festivais porque têm marcas e ativações? Pense.
Talvez, pudesse explicar por que jornais como o Washington Post e New York Times vivem fazendo eventos e ativações em eventos, além da cobertura tradicional. Estão malucos?
Podia ter falado com especialistas da Ampro em live marketing e ativações que estes lhe explicariam o que é o live e o porquê de suas dúvidas.
Quem sabe, entrevistar as pessoas nas longas filas e perguntar a elas por que ficam ali. Se surpreenderia com as respostas e teria um texto mais em sintonia com o que de fato acontece nos festivais.
Talvez sua matéria ficasse mais técnica e menos lobby e personalista, nada técnica, para ressuscitar as velhas fórmulas.
Hoje, não dá mais.
Gente, viremos a Folha e sigamos em frente que vem show por aí.