Quem nunca ouviu a expressão “Ninguém morre de trabalhar”? Apesar de antigo, esse bordão é totalmente equivocado, e não é exagero afirmar isso.
Recentemente, lendo um artigo, deparei-me com dados alarmantes de Jeffrey Pfeffer, escritor, pesquisador e professor da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos.
Evidências compiladas por ele durante décadas mostram que 61% dos trabalhadores americanos consideram o estresse como causa de seus problemas de saúde, enquanto 7% revelaram ter sido hospitalizados, em algum momento, por causas relacionadas ao trabalho.
Suas estimativas sugerem que o estresse laboral está associado à morte de 120 mil americanos.
O Instituto Americano do Estresse calcula que o custo anual causado pelo estresse chega a US$ 300 bilhões (mais de R$ 1,1 trilhão). No Brasil, os transtornos mentais são a terceira causa de longos afastamentos do trabalho por doença.
Em 2011, essas licenças foram responsáveis pelo pagamento de mais de R$ 211 milhões a novos beneficiários, de acordo com um levantamento do médico do trabalho João Silvestre da Silva Junior, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo.
O ambiente corporativo exige muito de nós. São relatórios para entregar, campanhas para elaborar, equipes para coordenar etc. Por um lado, é bom sempre se sentir útil e ter a capacidade de superar os limites. Porém, o excesso de tarefas e a tensão podem acabar gerando o estresse no trabalho.
As pessoas dormem e acordam lembrando do que não fizeram no dia anterior por falta de tempo. Quantas vezes você se pegou pensando que seu dia tinha que ter algumas horas a mais para dar tempo de cumprir todas as tarefas?
São tantos e-mails não respondidos, ligações não retornadas, reuniões intermináveis etc. A falta de habilidade para lidar com isso pode levar ao estresse e a distúrbios de ansiedade e de humor.
Quem são os responsáveis por isso? É preciso que os executivos e profissionais comecem a repensar a relação com o trabalho. “Nós vivemos para trabalhar ou trabalhamos para viver?”
Essa pergunta merece uma resposta objetiva e deve levar em conta as consequências de uma vida sem equilíbrio. Encontrar o ponto de equilíbrio quando se busca a perfeição, sucesso, reconhecimento ou simplesmente pagar todas as contas no final do mês é difícil. Eu diria quase impossível, mas é fundamental para uma vida saudável.
Eu decidi trabalhar para viver, aceitar os meus limites e estar de “corpo e alma” em todas as atividades que realizo diariamente. Não sofro mais, e é um processo de aprendizado contínuo.
O resultado é a certeza de que estou entregando o meu melhor, sempre, com um alto índice de qualidade. Se cabe tudo na agenda? Claro que não cabe, e, tudo bem!
Já passou da hora de as empresas desenvolverem uma cultura corporativa que englobe a saúde emocional. É necessário que as pessoas entendam que não somos máquinas e temos limites físicos e também emocionais que precisam ser respeitados.
Por trás de todo o glamour empreendedor ou corporativo tem um ser humano que merece atenção e cuidados.