São inúmeras as ferramentas do marketing quando se quer destacar uma marca. Mas, e quando elas são usadas de forma errada? Quais as consequências disso para na reputação de uma empresa?
Na hora de destacar uma marca, um serviço, um time, seja lá o que for, as estratégias de marketing fazem a diferença, mas, é preciso muito bom-senso antes de se fazer uso delas.
Mas, tem muita gente que não está preocupada com isso, e, quando o assunto é conquistar um espaço na mídia e ganhar milhões de likes no Facebook, comentários no Twitter, fotos no Instagram e por aí afora, acabam deixando de lado o respeito ao próximo e fazem o que lhes dá na cabeça. Conclusão: tiro no pé.
Marketing é uma palavra proveniente da língua inglesa, apesar de estar intrínseca à cultura mundial.
Em inglês, market significa mercado e marketing pode ser traduzido como mercadologia, um estudo das causas, objetivos e resultados que são gerados por intermédio das diferentes formas de como nós lidamos com o mercado.
De acordo com Philip Kotler, considerado o pai do marketing “É a ciência e a arte de explorar, criar e entregar valor para satisfazer as necessidades de um mercado-alvo com lucro. Marketing identifica necessidades e desejos não realizados. Ele define, mede e quantifica o tamanho do mercado identificado e o potencial de lucro.”
Se engana quem acredita que o marketing tem apenas como objetivo vender algo. Este conceito se aprofunda em tudo que envolve este processo, bem como a produção, logística, comercialização e pós-venda do produto/serviço.
Falando de como fazer marketing de forma errada, impossível não citar o caso do time de futebol Boa Esporte, ocorrido em 2017. Certamente, essa foi uma das piores estratégias já realizadas.
Para quem não se recorda, o assunto foi comentado em praticamente todos os meios de comunicação no último ano, e diz respeito à frustrada contratação de um jogador (condenado por assassinato) pelo time da cidade de Varginha (MG).
Na maioria das pessoas, causou repulsa, mas, em contrapartida, teve também os ‘fora da casinha’ que acharam tudo normal.
Não vamos aqui dar mérito ao ex goleiro, por este motivo, sequer o seu nome será citado, porque acreditamos que ele não pode ser chamado nem de atleta, nem de goleiro e nada do gênero. Quem fez o que ele fez é bandido, e, o seu lugar é na cadeia e não em um time de futebol onde tem crianças envolvidas.
Tão logo anunciada a sua contratação, muitas marcas patrocinadoras deixaram o time. Mas, a pergunta que não se calou até hoje: Por que o Boa Esporte fez isso? Ressocialização do cidadão em questão? Piada.
Cometer o crime que ele cometeu e voltar a exercer a mesma profissão que tinha antes do assassinato de uma jovem depois de ter ficado apenas seis anos na cadeia? Todos têm direito a se ressocializar, porém, nesse caso, vai trabalhar no pesado e não nos holofotes do esporte.
Para o jornalista Erich Beting, que é especialista em negócios do futebol, o Boa Esporte apostou em uma jogada ruim de marketing e acabou sentindo o efeito da sua estratégia mal-feita.
Seja lá o que for que motivou essa contratação, causou mais indignação do que euforia. O clube ganhou os holofotes como pretendia. Mas, foi uma estratégia de marketing que, se por um momento gerou o famoso sonhado “15 minutos de fama”, trouxe mais prejuízos do que lucros.
As marcas, que à época patrocinavam o Boa Esporte, caíram fora. Isso sim foi uma estratégia de marketing bem feita. Afinal, mostraram que não queriam o seu nome vinculado a ações ruins.
Hoje, bem longe dos holofotes, o time mineiro amarga a 19ª colocação na Série B do Campeonato Brasileiro.
Vivemos em um momento tão caótico no nosso País, com casos de corrupção destruindo uma Nação, de notícias falsas invadindo as redes sociais de forma desmedida no mundo inteiro, de marcas que querem aparecer a qualquer custo, que só nos resta perguntar: Aonde vamos parar com tanto descaso para com o ser humano?
Marketing é uma coisa. Fazer uso dele por meio de atitudes desprezíveis, certamente não irá levar ninguém a lugar nenhum.
As ações de marketing de dez anos atrás eram vistas de forma muito mais imperativa. Beba, coma, faça, compre. Quase que uma tentativa de hipnose. Mas por que funcionava? A monopolização era muito mais fácil. Em relação aos dias em que vivemos, havia poucos canais de comunicação de grande alcance, realmente massivos.
Hoje, dependemos muito mais da aceitação do público para o sucesso de um empreendimento. A gestão deve ser voltada para a adequação e entendimento de quais são os desejos, valores, aspirações, aceitações e rejeições do público-alvo desejado.
As agências especializadas existem justamente para dar um norte a uma marca quando ela precisa ser ativada. Não se pode fazer nada para conquistar público se não tiver uma base bem alicerçada. Quando movidos pelo ego, do tipo "Eu vou fazer", o risco de ter mais prejuízo do que lucros é certo.