Dalva Christofoletti, primeira conselheira mulher da ADVB e precursora do movimento municipalista do Brasil, falou sobre a dificuldade da presença feminina na sociedade em evento do Corinthians.
Como parte do movimento “Respeita as minas”, que o Timão criou para o Dia Internacional da Mulher para sensibilizar a sociedade para o combate ao assédio sexual e a violência contra a mulher, a Arena Corinthians recebeu no dia 31 de março, para debate no painel “Violência contra a Mulher”, Dalva Christofoletti, primeira conselheira mulher da ADVB – Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil e idealizadora do Movimento Mulheres Municipalistas (MMM); Raquel Kobashi Gallinati, presidente do Sindpesp e Gabriela Manssur, promotora de justiça.
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A ex atleta do Cortinthians e embaixadora do futebol feminino do clube, Milene Domingues, foi a mediadora do ciclo de palestras que tratou exclusivamente de questões sobre a mulher, que também contou com a presença de componentes da torcida organizada do Corinthians, mulheres do esporte e embaixadoras da campanha “Respeita as Minas”.
Edna Murad, vice-presidente do Corinthians, deu boas-vindas às participantes e passou a palavra a Milene Domingues, mediadora do primeiro painel. A ex jogadora de futebol falou que o Brasil hoje é o 5º país no ranking de feminicídio no mundo; só em São Paulo, sete estupros são registrados por dia; 540 mil ações penais de violência doméstica anualmente no Brasil, e 606 casos de lesão dolosa enquadrados na Lei Maria da Penha diariamente.
Dalva Christofoletti também é madrinha honorária da ADVB Mulher, presidente do Centro de Estudos e Apoio aos Municípios e Empresas (Ceame) e da Associação Brasileira de Mulheres de Ação Política e Social (Abramapos).
Aos 82 anos de idade, e mais de 60 anos na luta de empoderamento de mulheres, ela falou sobre quando iniciou o movimento municipalista, aos 17 anos. “Imagina uma mulher no meio dos homens? Não tinha.”
Ela conta que em sua primeira reunião de trabalho, na Prefeitura de Rio Claro, onde permaneceu por 32 anos, um grupo de funcionários homens começou a fazer piadas inconvenientes e ela era a única mulher. “Não tive dúvidas: falei para eles ‘gosto de piada, mas comecem a mudar o tipo de piadas nas reuniões, pois agora uma mulher vai trabalhar com vocês.”, ressaltando que a vida toda sofreu esse tipo de agressão.
“Sempre estive no meio masculino e construí uma história neste ambiente. Mas ainda é muito difícil ser mulher em um mundo machista.”
Dentre outros temas, Dalva relatou outras situações de sua vida que sofreu especificamente por ser mulher. "Não gostaria de ser tratada pelo gênero, e, sim, como Ser humano, que pensa e que ajuda. Eu, com 82 anos, tive uma realidade de buscar espaços. Que essa busca não seja tão difícil para vocês. Eu não desisto.", completou Dalva.
A presidente do Sindpesp, Kobashi Gallinati, afirmou que o grande desafio é lutar contra o machismo velado, aquele onde só a mulher sente e visualiza.
“A vítima sabe o que é uma lesão corporal, um tipo de violência, infelizmente, ainda muito comum. Mas há uma dificuldade em distinguir o que é uma agressão psicológica ou social.” A delegada também explicou que “Estatísticas mundiais relatam que a mulher sofre violência entre sete e oito vezes até perceber que está sendo vítima deste crime. Antes disso, a tendência é se achar culpada pela situação.”
Para a promotora de Justiça Gabriela Manssur, é importante contar com a presença masculina nas discussões sobre o tema, pois as estatísticas mostram que a cada 3 mulheres, uma sofre violência no Brasil e de cada 3 homens, um comete violência.
“É responsabilidade dos homens fazer parte destas discussões e debates para que haja uma reflexão e uma diminuição da violência. Há um machismo estrutural no Brasil.”, completa Kobashi.