Experiência de Marca

Nada. De nada.

Escrever esta coluna, além de um prazer e uma honra, me traz sempre um sentimento automático e traduzido num insight que nunca vou contra: é ele e pronto.

Escrever esta coluna, além de um prazer e uma honra, me traz sempre um sentimento automático e traduzido num insight que nunca vou contra: é ele e pronto.

Respeito o repente, o ímpeto e o movimento natural de sentir que é isso que tenho que escrever e como não tenho que discutir isso com ninguém e apenas eu participo da reunião de brainstorming, fica bem fácil.

Esta semana não foi diferente, e quando parei para pensar no tema, veio apenas uma única e singela palavra na minha mente e eu juro que desta vez eu não entendi nada: NADA!

Não que eu não tivesse NADA pra dizer, mas o que eu deveria dizer, discutir, provocar, inspirar ou propor uma pauta sobre o NADA? Talvez a resposta fosse tudo!

Há algum tempo as provas disserativas tinham entre suas opções de respostas para uma questão um clássico NDA (nenhuma das alternativas). Olha só que interessante, justo o sistema de ensino que nos impõe uma dinâmica onde tudo tem uma resposta e o mais importante, temos que procurar sempre a certa, ainda propunha a possibilidade de que nenhuma resposta fosse a correta. Será que isso ainda acontece hoje? Quando somos provocados a responder algo, cabe a resposta nula? Vale responder que você não pensa NADA? Ou que não tem uma opinião formada?

Se fossemos aqui fazer um discurso sobre o NADA, ele daria a dimensão da falta de conteúdo ou da opção de não se pronunciar? Ele nos daria o direito de simplesmente não expor nossa opinião ou significaria que não temos NADA a dizer?

Num mundo de tantas opiniões, de tantos experts, críticos e toda uma sorte de gente que repentinamente sabe e opina de tudo, como é que podemos nos dar a liberdade de responder com um sonoro NADA, quando alguém pergunta sobre o que você pensa a respeito de algo?

Quantas vezes não aconteceu de você estar aí, dando um tempo para a mente, viajando, divagando ou pasmando e alguém lhe perguntar o que você está pensando, e você responder NADA! Para surpresa e desconsolo do interlocutor que queria uma frase, uma palavra, um tratado, uma crônica, uma poesia, poema e simplesmente não aceita que NADA pudesse ser uma resposta.

Se eu perguntasse qual é a primeira coisa que você pensa pela manhã, o que pensa embaixo do chuveiro, no que pensa quando assiste a um filme no cinema, o que imagina quando pedala ou corre, o que vem à sua mente quando abre uma página em branco no computador para começar um trabalho, o que você entendeu do último briefing, o que mudou na sua vida depois daquela palestra que você assistiu, o que o professor lhe passou de interessante na última aula, qual foi a última frase daquele ligação de 15 minutos da sua namorada ou namorado, o que você imagina estar fazendo daqui a 25 anos, o que sonha fazer nas suas férias e quanto você está se preparando para o futuro?

Qual é a chance de NADA ser uma destas respostas? E o mais importante: Qual é o problema que seja assim? A gente vive um mundo de TUDOS E TODOS. E esquece o libertador poder de não dizer simplesmente NADA, simplesmente porque não quer dizer, não quer criar um linha de raciocínio e nem pensar direito, oras, que bom não querer falar NADA.

Ok, tudo isso parece uma discussão de NADA, e você acertou! É sobre o NADA que falamos, afinal: Quem disse que NADA também não é uma resposta? Às vezes precisamos nos desconectar para reconectarmos. Taí uma boa definição do NADA.

Alguns dirão que do NADA viemos e para o NADA iremos. Não acredito em NADA disso. Acredito que a gente não veio ao mundo para não fazer NADA, mas ficarmos “fazendo NADA” é uma opção, talvez pelo contraponto de ser antítese e o contraste com o tudo.

Desculpe-me se meu texto atrapalhou seu momento de não fazer NADA, mas o NADA é a oportunidade da pergunta, a pausa, a entrelinha, a entreletra, o respiro, a vírgula e o “ócio criativo necessário” . É uma página em branco, é o último instante antes da primeira palavra, são todas as oportunidades e espaços para fazermos tudo. A matéria-prima de tudo o que há, ou a tela em branco onde podemos pintar nossa obra-prima.

Poético talvez, mas deixando para o final algumas frases que eu achei sobre o NADA, a gente pode ver que sim, o NADA tem muito a dizer:

“Não gosto de metades. Nem de meio termo. É sim ou não. É tudo ou nada.”

“Amanhã pode acontecer tudo. Inclusive nada.”

“Incrível como olhar para o nada me faz pensar em tudo.”

“Nada é em vão.”

Talvez eu não tivesse NADA diferente pra dizer ou talvez seja exatamente isso: como dizer tudo e não dizer nada, pois quando dizemos, fazemos e pensamos nada, talvez na realidade estamos dizendo tudo. Foi o que eu quis dizer do NADA. De nada.

 

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