A BRF acusou a forte pressão exercida pelo mercado e nesta quarta-feira (13), veio a público informar sobre o polêmico BID que está revoltando os líderes das agências especializadas.
Em nota, a companhia alegou que um “disparo teste” levou a um equívoco que gerou a impressão de que seu leilão reverso para a definição de agências de live marketing teria sido cancelada.
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Como noticiado por Promoview, a empresa foi criticada por representantes do mercado por promover processo no formato de leilão reverso (onde quem ganha é quem oferece o menor preço) e ainda com prazo de pagamento de 90 dias.
Segundo a companhia, na terça-feira, 12, ocorreu uma falha técnica no sistema, e, para solucioná-la, foi criado um evento fictício, com um novo número, que acabou gerando um comunicado para as empresas participantes do primeiro leilão.
Tal fato teria levado algumas empresas a entenderem que a concorrência havia sido cancelada, conforme noticiado por todos os sites especializados.
“Para não provocar qualquer desentendimento com esse ‘disparo teste’, foi feito o envio de cancelamento do evento fictício. Sendo assim, a concorrência permanece ativa”, disse a BRF em comunicado enviado à imprensa especializada.
No mesmo texto, a companhia diz ainda que todas as regras e condições para o leilão reverso foram preestabelecidas e divulgadas para todos os participantes. Com isso, os pontos que foram questionados por executivos do mercado continuam valendo.
Três das agências participantes se retiraram do processo por considerarem anti-ético e contrário as melhores práticas de sustentabilidade empresarial.
Novo ‘Normal’
A pressão dos líderes das agências especializadas continua sendo feita sobre os presidentes de empresas nas redes sociais.
Os presidentes da Ambev e da Heineken já haviam sido alertados por meio de comentários no LinkedIn sobre as práticas, consideradas danosas pelo mercado, e, que na visão das agências especializadas, são ainda mais prejudiciais no atual cenário de crise.
Segundo fontes, a Ambev deverá fazer um anúncio importante sobre este tema nas próximas semanas.
No caso da BRF, pouco antes da “falha técnica” no sistema da gigante do setor de alimentos, um post do CEO global da BRF Lorival Luz no LinkedIn gerou, na semana passada, uma série de mensagens de lideranças de agências condenando o formato da concorrência.
Na sequência, Lorival tirou o post do ar. A BRF não informou os motivos para exclusão do post.
Nesta quarta-feira, 13 de maio, o presidente da MAN Caminhões, Antonio Roberto Cortes, também recebeu comentários em uma postagem do LinkedIn questionando sobre a concorrência com um número elevado de agências para o lançamento de um modelo extra pesado.
Rapidamente, os questionamentos foram ocultados do post do presidente.
Segundo fontes de mercado, foram convidadas a Avantgarde, Rock, Banco de Eventos, People, Hype, Lâmpada, Cheil e Bem Mais, o que contraria as boas práticas de mercado.
No meio da tarde, a MAN suspendeu o processo e também prometeu reunião para avaliar o caso.
A TIM também recuou do processo que escolheria um pool de agências. Houve uma forte reação dos participantes com alguns valores que a TIM deu como “meta” pras agências como a diária de recepcionista nível A por 240 reais e de diretor de criação ou produção por R$ 600. Detalhe: Valor com impostos e honorários inclusos.
A companhia telefônica estabeleceu também um fee máximo de 7%. Este tipo de operação torna-se inviável com estes valores e percentuais.
Em outra frente, a postagem de Leandro Bueno, diretor-executivo na Claro – América Móvil também recebeu comentários. Isso porque a Claro abriu leilão reverso para ações promocionais nas praças do RJ e ES, propondo fee abaixo de 7%, além do criticado prazo de pagamento em 60 dias.
Para reunir todos estes conteúdos, Promoview colocará no ar na próxima semana o site jobentreguejobpago.com.br mostrando todas as manifestações e acontecimentos que muitas vezes passam despercebidos, dado o grande número de postagens na internet e redes sociais.
Já não há mais paciência para discursos políticos e reuniões com acordos que nunca se realizam.
A “temperatura nas redes sociais”, minimizada por alguns, está empurrando os burocratas e funcionários das áreas de compras a se mexerem com mais objetividade.
Toda esta polêmica envolvendo o presidente da BRF e altos executivos de grandes companhias mostra como será o ‘novo normal’ no mercado das agências especializadas e fornecedores do mercado de eventos corporativos.