Nos últimos dias, as ações do Airbnb voltaram ao centro do debate no mercado financeiro. Relatórios de analistas apontam que a companhia tem mostrado resiliência em um setor de viagens volátil, impulsionada por uma estratégia focada na expansão de sua plataforma para além das hospedagens. A recente valorização das ações e previsões otimistas sobre o crescimento da empresa têm chamado a atenção de investidores e analistas.
Na última segunda-feira (10), a Jefferies elevou sua recomendação para compra das ações do Airbnb e aumentou o preço-alvo para US$ 185, sugerindo um potencial de crescimento de mais de 37%. O analista John Colantuoni justificou sua decisão destacando a forte geração de caixa livre da empresa e seu modelo de negócios asset-light, que reduz custos operacionais. De acordo com ele, o mercado não tem precificado adequadamente o potencial de novos produtos do Airbnb, em especial, o crescimento das experiências.
Essa recomendação surge em um cenário de volatilidade no setor de viagens, impulsionada pela revisão das projeções financeiras da Delta e da American Airlines, que apontaram incertezas econômicas e queda na confiança do consumidor, fatores que podem afetar o mercado de aluguel de curto prazo. No entanto, a empresa tem se mostrado resiliente e aposta na diversificação para sustentar seu crescimento.
Experiência como diferencial competitivo
Desde seu lançamento, o Airbnb revolucionou o setor de hospedagens ao conectar viajantes com anfitriões ao redor do mundo. A marca enfrentou desafios significativos durante a pandemia, registrando perdas expressivas e congelando investimentos em marketing para conter danos financeiros.
Nos últimos anos, porém, a empresa tem investido cada vez mais na oferta de experiências para diversificar suas fontes de receita e ampliar seu alcance no setor de turismo. Em 2024, a companhia lançou as Experiências Icônicas, oferecendo estadias e vivências exclusivas como passar uma noite na casa de balões inspirada no filme Up ou dormir no Museu da Ferrari.
Agora, o Airbnb se prepara para dar um passo ainda maior: a expansão para o mercado de passeios e tours. De acordo com uma análise publicada pelo Skift, a empresa está reformulando sua plataforma de experiências para competir diretamente com gigantes do setor, como Viator e GetYourGuide. Entre as mudanças está a inclusão de tours guiados em grandes atrações turísticas, como o Vaticano e o Louvre, além da abertura de um canal para que operadores e guias licenciados submetam suas propostas de experiências para integração à plataforma.
Brian Chesky, CEO do Airbnb, defende a estratégia
A estratégia de expandir o Airbnb para além das hospedagens reflete uma convicção central do CEO e cofundador da empresa, Brian Chesky. Em entrevista à Wired, Chesky afirma que as Experiências Icônicas “não pegaram tanto quanto poderiam”. Em relação às novidades, o CEO tem a expectativa que, em 2025, as pessoas digam: “essa foi uma das maiores reinvenções de uma empresa na memória recente”.
Além disso, ele acredita na supremacia das experiências físicas sobre as digitais, mesmo em uma era dominada por inteligência artificial. “A revolução da inteligência artificial ainda está em sua adolescência. Estamos no equivalente à internet de 1993, antes dos motores de busca. Mas, enquanto a tecnologia avança, há algo que não muda: o desejo humano por conexões reais”, destacou.
A abordagem do Airbnb demonstra como a economia da experiência continua a se expandir e se consolidar como um fator estratégico tanto para empresas do setor de turismo quanto para marcas que buscam impactar o consumidor de maneira memorável.