Você pode fazer o curso mais famoso de processos de gestão e criatividade/inovação do mundo, pode ler todos os livros disponíveis que traduzem incríveis métodos criados nas mais diversas empresas para ter seus processos mais dinâmicos, convergentes e eficazes.
Você pode simplesmente esgotar todo o estoque de Post-its do mercado e forrar as paredes do seu escritório com eles, mas eu te digo: Não tem processo, método, sistema, reunião de brainstorming, necessidade criativa ou qualquer supertendência vinda do mundo digital e que passa a ser adotada para qualquer tipo de empresa, que funcione efetivamente bem sem algo fundamental: REGÊNCIA!
Alguém que tenha a batuta nas mãos para reger, com foco no contexto, no todo e a “serviço do quê” todos estão se movimentando, para definitivamente as coisas para onde têm que ir.
O conhecido documentário ‘Ideo – Cart Project’, que mostra a mundialmente famosa californiana de design e inovação Ideo, criadora, entre outras coisas, do design revolucionário de produtos da Apple, além de GE, Lufthansa, 3M e até mesmo a Alpargatas.
Mas hoje ela é realmente conhecida por usar e semear o ‘design thinking’ e é justamente este o assunto do documentário, acompanhando todo o processo de desenvolvimento do design de um novo carrinho de supermercado (cart).
Entre flipcharts, post-its e a conhecida construção flow da empatia (observar), definir (foco), idear (alternativas), prototipar (construir), testar (aprender) e implementar (executar), vemos a sua equipe em processo real de desenvolvimento de produto, mas o que chama a atenção é que depois de muitas reuniões, processos, opiniões e drafts, um dos seus executivos precisa decidir para qual caminho ir.
O processo, superdemocrático, orgânico, participativo, colaborativo e cocriado, repentinamente tem na opinião individual de um executivo a sua decisão mais fundamental. Por quê? Pergunta um repórter e ele responde: Porque se eu não decidir para onde ir agora, isso nunca vai parar.
Não vou aqui teorizar sobre qual método utilizar, se um brainstorming ainda funciona e se vale a pena realmente acreditar que encher uma sala de pessoas, faz de um processo criativo algo mais rico.
Se fosse para arriscar uma resposta, eu diria que sim ou não, mas que nada disso funciona sem uma gestão pessoal: Um diretor, um gestor, um condutor, um líder ou a palavra que eu gosto mais: UM MAESTRO.
É ele que dá o tom, que rege, que administra o compasso, que une e conduz todos os instrumentos e pessoas para um denominador comum, construindo algo uno, inteiro e não fragmentado.
E trago este tema, inspirado por diferentes fatos…
“Antonia – Uma Sinfonia” – É um filme que acabei de assistir numa destas madrugadas com pouco sono (tá no Netflix) e conta de uma maneira livre e romanceada a história real de Antonia Brico: Uma das primeiras mulheres a se destacar como maestrina na história da música e a primeira a conduzir a Orquestra Filarmônica de Nova York.
É uma história de superação, resiliência, foco, disciplina, força de vontade e tudo isso com um grande pano de fundo de empoderamento e valorização feminina, que a diretora holandesa Maria Peters traz.
Ali se fala de machismo, preconceito e também de uma desbravadora, que resolve encarar e peitar a tudo e a todos em busca do seu sonho.
E isso me deixa uma conexão grande com o universo do criar e inovar que acabei de falar, até porque o filme cita muito o organista e teólogo Albert Schweitzer, inclusive com uma frase que pra mim é meio crença limitante, mas enfim… “O maior desafio na arte é lidar com decepções.”
Entendo o que ele quer dizer, mas eu diria que talvez o maior desafio de quem cria, é acreditar em si mesmo, sendo resistente às decepções com pessoas (e às vezes o sistema )que tentam desconstruir isso. E aqui que fique bem claro, existe um método para que cada “musicista” de uma orquestra possa cumprir o seu maior papel, existe uma partitura para seguir, existe um solista para se destacar, mas eles sozinhos não são nada sem uma condução firme que indique claramente para onde ir.
“Dia dos Professores”
Quando a gente fala de maestros, mestres e pessoas que nos conduzem, fica fácil lembrar dos nossos mestres queridos e dos inúmeros professores. Tanto aqueles que nos acompanharam durante os anos de aprendizados e com foco acadêmico, aos inúmeros profissionais e pessoas que nos inspiraram com suas lições, experiências e exemplos.
Em especial e com toda a reinvenção da educação na quarentena, a gente tem que tirar o chapéu, o boné, se levantar e aplaudir a esses heróis que tiveram que, em poucos dias, mudar sua forma de ensino, rever seus métodos didáticos, aprender novas tecnologias, se digitalizar e se propor a manter forte a dose de carinho envolvida na generosidade do que fazem profissionalmente, mesmo com uma mudança tão brutal a tudo o que fizeram na sua vida toda e tendo sua própria casa como lugar de trabalho e sala de aula.
“Dona Tetê”
Acabei de celebrar os 78 anos da minha querida mãe, e misturando um pouco a maestrina com a professora, a gente começa a chegar perto do que uma mãe é. Inclusive com o desafio de fazer tanta gente diferente funcionar no bit perfeito de uma família, ao desafios de inúmeras delas terem transformado seus lares em seu lugar de trabalho, apertando toda “essa orquestra” em um “palco” que nunca havia sido preparado para isso.
Mas falando da minha em especial, com leves spoilers do filme citado, a Dona Tetê teve muitos dos seus sonhos sobre um grande processo de aprendizado em sua vida podados pela visão fechada (e machista) de sua época. E isso trouxe nela uma vontade de viver tudo isso a partir da ótica de seus filhos.
Ela sempre foi uma exigente professora, mesmo talvez tendo muito menos professores do que todo o mundo com que ela sonhou, mas como o velho ditado já dizia que “A vida ensina”, nesse ponto ela sempre foi acadêmica, catedrática, pós-graduada, mestre e doutora. E ainda que eu preferisse que ela tivesse chegado a segurar a batuta do que poderia ser sua própria sinfonia, não posso negar a mão segura, a música incrivelmente bem regida e a rigidez formal que fez com que ela conduzisse e muito bem, todas as inúmeras partituras que chegaram em suas mão durante toda a sua vida.
E entre mestres, maestros, maestrinas, professores e a gratidão por uma mãe que é tudo isso, me conecto com esse momento importante onde nos é dada a possibilidade de seremos regentes do nosso próprio destino, nossa vida e de todos os nossos projetos, propostas, propósitos e sonhos.
Pois se a gente sonha com um Lindo Tema da Vitória Orquestrado, a gente tem que saber reunir a orquestra ideal e aprender a mexer com a batuta AGORA!
Meu #MTT (Monday To Thank) de hoje vai para toda a organização, empresas, profissionais e apoiadores da Passeata Unidos pelos Eventos, que aconteceu domingo (13/09) no Ibirapuera.
Todos tomaram pra si a batuta da regência de uma orquestra de milhares (ou milhões) de pessoas que em meses não tiveram um maestro para os conduzir, para os ouvir ou até mesmo para que juntos deles, lamentar.
E eles subiram no palco e regerem um movimento muito bonito, ordeiro, pacífico e que escancara a necessidade de união, de força de expressão, de reivindicação e seguindo inúmeros movimentos iguais que estão acontecendo em todo mundo, trazer um forte questionamento sobre o impacto de decisões que aparentemente protegem, mas esquecem completamente que essa indústria gigantesca que faz eventos SEMPRE PRIMOU PELA SEGURANÇA DO SEU PÚBLICO E NÃO SERIA DIFERENTE AGORA!