A Prefeitura de São Paulo decidiu suspender a parceria com a PepsiCo que previa a cessão de naming rights do Largo da Batata, localizado em Pinheiros. A proposta, que também incluía projetos de revitalização do espaço, mudaria seu nome para “Largo da Batata Ruffles”, mas a ideia gerou grande polêmica e críticas da população.
De acordo com o comunicado mais recente, a Prefeitura fará o que chamou de “reanálise documental e tempo hábil para manifestação da Comissão de Proteção à Paisagem Urbana (CPPU) a respeito da proposta de parceria para o Largo da Batata”.
Em termos práticos: o órgão invalidou a parceria, sinalizando obediência à reação negativa do público e de personalidades políticas de oposição.
“Largo da Batata Ruffles”: uma revitalização em troca do nome
A parceria entre a Prefeitura e a PepsiCo previa a realização de diversas melhorias no Largo da Batata, como a instalação de uma pista de skate, a revitalização da academia ao ar livre e a criação de uma horta comunitária. Em contrapartida, a empresa teria o direito de utilizar o nome “Largo da Batata Ruffles” em suas ações de marketing.
Pela documentação vista por membros da imprensa, a situação é um pouco diferente do que se vê, por exemplo, nos nomes de estações de Metrô oferecidos pelo governo do estado a algumas empresas.
Enquanto o governo cedeu o direito à alteração do nome já estabelecido das estações (daí termos “Estação Carrão-Assaí Atacadista” e a “Penha Lojas-Besni”, por exemplo), o caso da Prefeitura e do “Largo da Batata Ruffles” não alteraria o nome do domicílio público.
Em outras palavras: o nome na placa de sinalização pública continuaria o que sempre foi, e a parte do “Ruffles” seria relegada apenas a ações de marketing e ativações da popular marca de batatas chips da PepsiCo.
Ainda assim, no entanto…
Proposta não foi bem recebida pela população, nem pela oposição
Toda a ideia foi, inicialmente, encarada como uma brincadeira, segundo alguns leitores ouvidos pelo UOL e pela Carta Capital. Diante da confirmação de tratar-se de uma proposta genuína e em discussão, porém, a situação mudou — como diz a expressão — “da água para o vinho”.
Um dos principais pontos de contestação foi a utilização do nome de um espaço público para fins comerciais. Muitos consideraram essa prática como uma forma de privatização simbólica de um bem público.
Além disso, o valor oferecido pela PepsiCo para a revitalização do espaço foi considerado baixo por alguns críticos: o vereador eleito Nabil Bonduki (PT) disse que a aquisição dos direitos de nomeação comercial seriam “vendidos a preço de banana”.
A saber, a proposta via o pagamento de R$ 1.122.410,00 à Prefeitura, que em troca permitiria à PepsiCo usar “Largo da Batata Ruffles” por dois anos.
A falta de transparência no processo de negociação e a ausência de uma consulta pública também geraram questionamentos.
A decisão da Prefeitura
Diante da repercussão negativa, a Prefeitura de São Paulo decidiu suspender a parceria. A decisão foi justificada pela necessidade de uma análise mais aprofundada da proposta e pela importância de ouvir a opinião da população.
A suspensão da parceria não significa o fim do projeto de revitalização do Largo da Batata. A Prefeitura afirmou que buscará outras alternativas para realizar as obras, garantindo a participação da comunidade no processo.