Tive acesso ao último relatório da ICCA – International Congress and Convention Association com o ranqueamento dos países que mais sediaram eventos internacionais no ano de 2021. Como um grande entusiasta, antes de fazer qualquer análise, procurei pelo nome do nosso país, mas o nome “Brazil” sequer constava no TOP 20.
Com 101 eventos planejados, o Brasil encontra-se no 27º lugar atrás de países como a República Tcheca (23º), Finlândia (22º) e Grécia (17º). É sabido que a pandemia afetou todo o mercado mundial, principalmente no segmento M.I.C.E (Meetings, Incentives, Congresses and Exhibitions), mas me entristeceu ver que o Brasil estava fora da lista dos 20, tendo em vista que esse segmento deveria ser um dos mais estratégicos a ser trabalhado pelos destinos e pelo governo, como um todo.
Lembro-me quando o Brasil havia partido da 19ª posição (2003) para o 7º lugar em 2008. Essa conquista só foi possível com a estruturação de uma política de captação de eventos internacionais coordenada pela Embratur em parceria com os Convention Bureaux. Nessa época, São Paulo era considerada a cidade das Américas, pois sempre figurava em primeiro lugar dentre as cidades que mais sediavam eventos internacionais e era animador ver a evolução das cidades brasileiras, bem como a ampliação de novas cidades no ranking.
O-Brasil já foi referência mundial no planejamento e execução da Política de Captação e Promoção de Eventos Internacionais balizando, inclusive, planos para o segmento M.I.C.E na América Latina.
A Argentina que sempre foi segundo lugar na América do Sul, especificamente em 2019 chegou a ficar 18º lugar enquanto o Brasil que sempre liderou o market share da Amesul ficou com a 20ª posição.
A minha reflexão de hoje é sobre a falta absoluta da gestão pública e a devida cobrança das associações e (CVBs) que lideram esse tema no Brasil. Enquanto observo outros países com estratégias bastante agressivas nesse segmento, por aqui percebo que os destinos e empresários que atuam no setor, ficam satisfeitos com a obsoleta ativação do destino na IMEX e na FIEXPO, sendo que na minha visão atuar somente nessas feiras, nunca irá virar o jogo.
Aliado a isso, quanto tempo demora para que um planejamento possa, efetivamente, dar resultados enquanto os países que aprenderam conosco estão cada vez mais se consolidando no cenário mundial?
Precisamos elevar o nível da indústria do turismo para que de fato exista uma renovação nos atores e que possamos trazer inovação e diversidade para a mesa de negociações, só assim teremos um cenário no curto prazo mais promissor
“O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons.” – Martin Luther King
Bruno Giovanni dos Reis é diretor presidente da Emprotur – Empresa Potiguar de Promoção Turística