Em sua caminhada para alcançar 2 trilhões de dólares em 2028, o setor de eventos ainda enfrenta incertezas sobre restrições de viagens e reuniões. Apesar de diversos destinos estarem relaxando estas políticas, dependendo da cidade, uma alteração súbita pode impactar drasticamente o público do evento, venda de ingressos e no-shows.
A inflação, que é uma tendência mundial, bem como a alta do custo de energia, aumentou consideravelmente os valores de produção, e fornecedores não tem como segurar este custo, tendo impacto direto na realização de eventos. Em eventos com demandas de alimentos e bebidas, o valor por participante em alguns casos está maior hoje do que os valores de 2019.
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Com as demissões em toda a cadeia produtiva do setor, os profissionais de eventos migraram para os mais diversos campos, e, agora, já conseguem encontrar remunerações próximas ou, em alguns casos, mais altas que anteriormente. A comercialização, organização, produção e execução de eventos são atividades dinâmicas, que exigem gestão de tempo, prazos curtos e pressão por entrega que muitas vezes deixava a recompensa monetária por desejar. Já há pesquisas que indicam que há uma dificuldade em contratar profissionais de eventos, e os que acabam sendo contratados estão em início de experiências, nestes estudos, indicam que estes novos atuantes contam com menos de 12 meses de experiência em eventos. O ideal seria um equilíbrio entre profissionais mais experientes e novos entrantes no mercado para que a qualidade possa ser mantida. Assim, com perspectivas de retomada total entre 2022 e 2024, dependendo da região, este desafio é sem dúvidas, um dos maiores para o setor.
Como atrair e reter os profissionais de eventos experientes e com remuneração adequada? Listo abaixo os principais desafios na retomada:
* Incertezas sobre restrições de viagens e reuniões
* Eventos com baixo público e riscos de cancelamento
* Falta de mão de obra qualificada e remuneração
* Inflação e alta generalizada dos custos de produção
No-entanto, mesmo com o cenário acima, ainda existem oportunidades para a indústria na retomada dos eventos:
* Eventos presenciais retornam como canal essencial de negócios
* Sustentabilidade em eventos carbono neutro e carbono zero
* Os formatos online de eventos reduzem o custo por visitante
* Novas oportunidades de receita com ingressos, patrocínios e ativações de marca
* Eventos virtuais, híbridos, metaverso e omni aumentam o alcance da mensagem
* Aplicativos de eventos facilitaram e agregaram valor nas comunidades dos eventos
* Conteúdo de alta qualidade em eventos
* Tecnologia facilitou comprovar o retorno do investimento
* Incentivos para motivar equipe na retomada
* Flexibilidade comercial e reconhecer fidelidade
Eventos presenciais contam com um valor único: a experiência sensorial, o ao-vivo, a interação, o networking, a comunidade são vantagens que este formato tem sobre os outros e a sua importância estratégica aumentou. Ao comunicar estes benefícios e transmitir a segurança em eventos presenciais, é essencial na retomada para captar novas oportunidades de negócios.
Eventos carbono neutro e carbono zero estão diretamente ligados ao crescente foco empresarial do ESG (Environmental, Social and Corporate Governance). Ações para reduzir emissões em eventos apresentam uma excelente oportunidade para alinhar a estratégia de sustentabilidade, promovendo a conscientização e cuidado com o meio-ambiente.
Os novos formatos de eventos – híbrido, virtual, metaverso ou omni – possibilitam uma redução do custo do participante com diferentes tipos de acessos nas sessões dos eventos. Além disso, novas oportunidades de receita com ingressos, patrocínios e ativações de marca abrem uma nova fronteira para aumentar o alcance da mensagem para uma maior audiência.
Aplicativos de eventos facilitaram e agregaram valor nas comunidades dos eventos, possibilitando que a interação continue depois que o evento finalizou e criando expectativas para as próximas edições. Dentro dos aplicativos e/ou nas plataformas digitais dos eventos o conteúdo de alta qualidade gerado no evento – lives, trilhas de conhecimento, insights de palestrantes, treinamentos e certificados – podem ser consumidos on-demand gerando mais valor para o participante bem como para os patrocinadores.
Nos exemplos acima, conseguimos ver o impacto que a tecnologia teve no setor. A possibilidade de medir, quantificar, mensurar e desenhar metas e indicadores de sucesso (KPIs ou OKRs) para eventos: NPS, Taxa de Engajamento, Pesquisas de Sentimento, Membros Ativos da Comunidade, Menções de Feed em Redes Sociais, Análises de Sessões, são alguns exemplos das diversas métricas disponíveis, que podem ser adotadas para avaliar o retorno do investimento (ROI) de eventos e facilitou esta comprovação.
Viagens e eventos de incentivo tem como objetivo principal recompensar as equipes por terem atingido ou superado metas, pelo comprometimento da empresa, e em especial para demonstrar agradecimento pela resiliência diante de cenários adversos. De acordo com pesquisa do Incentive Research Foundation, 80% dos entrevistados consideram viagens de incentivo motivadoras e extremamente necessárias.
A medida que a retomada dos eventos continue, as políticas comerciais entre empresas, organizadores, fornecedores e parceiros devem ser atualizadas, com foco especial em flexibilidade para prover um ambiente de negócios favorável para o setor Mice. A distribuição dos serviços e produtos, com modelos pré-definidos e acordados aliados aos canais online, têm inúmeras vantagens, além de transparência para a indústria. Finalmente, a organização de eventos é um trabalho colaborativo, e com a retomada, a fidelização e programas de incentivo entre os players da indústria são mais uma forma de reduzir custos e recompensar o relacionamento entre cliente e fornecedor.
Em conclusão, o ano de 2022 se apresenta como um ano importante de transição para o setor de eventos. Novas tendências, diversos tipos e formatos de eventos, relaxamento das restrições de viagens e reuniões, perspectivas positivas para o futuro dos eventos, e previsões de 2 trilhões de dólares para o setor em 2028 mostram um horizonte próspero para os que conseguirem enfrentar os desafios acima (e os novos que virão) bem como os que aproveitarem as oportunidades para crescer.
Thadeu Araújo é especialista em Vendas, Hotelaria e Eventos-MICE, organizou mais de 3.500 eventos em diversos países e têm 20 Anos de experiência em atuando em Londres, Dubai, Genebra, Portugal e São Paulo; tem formação na Suíça em Gestão de Hotéis Internacionais e Especialista em Eventos pela Swiss Hotel Management School e nos Estados Unidos em Administração de Empresas pela Northwood University.