Quando o conheci ele já estava na Avianca, onde sextuplicou a participação da companhia, lançou rotas internacionais e foi responsável por levar a empresa de 2% à 13% de market share no mercado brasileiro de aviação. Entretanto, sua história no mercado o precedia. No ano 2000 fez parte da fundação da Gol, a primeira companhia low cost, low fare do País. Participante desde a primeira reunião com Constantino Júnior, em julho do ano 2000, Tarcísio Gargioni narra no livro “26 semanas para voar – Como a Gol revolucionou e popularizou a aviação comercial brasileira”.
Mesmo diante de inúmeros desafios, a Gol formou um time com uma cultura forte, encontrou uma fórmula consistente de redução de custos para oferecer tarifas mais baixas com qualidade no serviço, conquistou a confiança do mercado, atingiu o break even no sexto mês de operação, implementou 100% do projeto antes de completar um ano e triplicou o tamanho da companhia nos dois anos seguintes, com sólidos resultados que a transformaram na reconhecida empresa brasileira do setor.
Atualmente Tarcísio Gargioni é conselheiro de diversas companhias, palestrante e único executivo do setor aéreo a conquistar o prêmio Caboré, o mais cobiçado do mercado publicitário brasileiro, como Profissional de Marketing do Ano 2004.
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O gaúcho Gargioni começou a carreira profissional como caminhoneiro, seguindo o pai. Viajou o Brasil inteiro por terra ao trabalhar em uma empresa de ônibus e só mais tarde ganhou os ares ao assumir o cargo de diretor de carga da antiga Vasp, depois aceitou convite para ir para a Gol e então Avianca. E agora para o mercado literário.
Administrador de Empresas com especializações em Engenharia de Transportes e Marketing e Serviços. Possui 28 anos de experiência em Aviação Comercial (Vasp/Gol/Avianca) e mais 27 anos de experiência em transporte terrestre, marítimo e ferroviário.
Aqui, em 5 questões, o pensamento de Gargioni sobre o setor:
1. Além do livro, dá para explicar em poucas palavras como a Gol revolucionou a aviação brasileira?
A Gol foi a primeira companhia aérea no conceito low cost, low fare no Brasil mesmo com todas as limitações e restrições de operação, os custos comoditizados na sua grande maioria e a Gol conseguiu montar uma equação de custos menores em 20% em relação às demais companhias aéreas, com isso poderia vender passagens aéreas mais baratas. E foi isso que fomentou acelerada mente o mercado, especialmente o turismo e 2 milhões de brasileiros passaram a voar pela primeira vez com a Gol nos primeiros quatro anos e outros milhões de negócios foram realizados. Como conseguiu isso? Com a otimização dos ativos e o aumento da eficiência operacional, eliminação de supérfluos, simplificação dos processos da estrutura, uso de tecnologia e a outra motivação foi o engajamento das pessoas
2. Como avalia o mercado de aviação pós-pandemia e pré-guerra?
Mercado com muita instabilidade e tímido na sua recuperação. Há fortíssima influência nos custos e o mercado é desafiador e imprevisível.
3. Sua passagem pela Avianca significou um exponencial crescimento da rota internacional. O que você viu que outras companhias não enxergaram naquele momento?
Na na verdade o exponencial crescimento foi no mercado doméstico passando de dois para mais de 13% de market share com um produto diferenciado. No internacional foram apenas os destinos de Miami, Nova Iorque. O propósito era ligar o Brasil diretamente a esses mercados já que Colômbia só operava com conexão em Bogotá e em Lima foram usados apenas quatro aviões.
4. O que é o Conselho Virtual? Ainda faz parte?
A resposta é sim, ainda faço parte. Trata-se de um grupo de aproximadamente 400 conselheiros senior nos mais diversos setores e as empresas que desejam os serviços de conselheiros podem usar essa plataforma com custos muito reduzidos e 100% variáveis. É super flexível e uma boa sacada, uma opção que as empresas médias que querem ter seus conselhos qualificados e com custos baixos sem comprometimento de uma estrutura permanente.
5. Contou tudo que podia no livro ou há capítulos ainda por escrever sobre sua experiência e trajetória na aviação?
Esta é uma pergunta difícil de responder mas serei bem objetivo: o livro “26 semanas para voar” apresenta e conta a história apenas dos primeiros quatro anos da Gol, uma decolagem extraordinariamente incrível, um case mundial desde a criação até o seu ápice. Depois deste período eu considero a empresa em voo de cruzeiro. Obviamente há espaço para outros livros, Também estão em aberto os 10 anos de Vasp, os os oito anos da Avianca Brasil. No futuro, quem sabe criarei coragem para os escrever.