Fui educado pela vida a respeitar e prestigiar o comércio de bairro. Meu pai tinha um açougue; minha mãe, um salão de beleza; minhas irmãs já tiveram alguns restaurantes; meu tio era sapateiro e várias de minhas tias eram costureiras.
Minha lembrança gustativa de infância me transporta para as vendas que ficavam na esquina da casa de meus avós. E esse sentimento de fazer o mundo girar a partir do micro, de pequenos empreendedores e empresas, sempre me fascinou.
Tive uma longa carreira no mundo corporativo, mas logo entendi que era a partir de uma empresa, uma agência, no caso, que eu poderia servir melhor às pessoas e devolver para a sociedade e para o mercado tudo aquilo que eles já me deram.
Acho que essa é a melhor explicação para minha predileção também para o turismo regional aqui dentro do nosso país. Nestes últimos e longos meses de pandemia e isolamento global, o ecoturismo foi meu refúgio, e, de alguma forma, a salvação da sanidade de todos aqui em casa.
Aqui no nosso país, as possibilidades são inúmeras e o acesso é muito mais fácil e democrático. Quando optamos por conhecer melhor o Brasil, nos surpreendemos com tanta beleza natural e ainda movimentamos, de forma positiva, muitas comunidades.
O Brasil é tão diverso e belo, que sempre me pergunto: Como é possível não termos processos, estratégias ou diretrizes governamentais implementadas para valorizar e motivar o turismo interno no país?
Como é possível, com todo este esplendor de natureza e clima tropical, não sermos um dos destinos mais desejados do mundo?
Quando decidimos viajar dentro do Brasil, percebemos claramente o quanto cada um de nós tem o poder de mover a roda da economia e dos negócios por onde passamos.
Tudo começa quando pesquisamos os destinos e fazemos girar a roda da cultura. É fantástico entender o porquê dos nomes dos lugares, da forte influência indígena, dos negros, dos quilombos, dos movimentos de migração dos povos que chegaram no passado, das misturas e de toda diversidade que nos representa. Só essa conexão com a nossa gente já é uma grande viagem.
Quando escolhemos o Brasil, também impactamos a vida das pessoas, renovamos a força das pequenas e médias empresas regionais e a esperança de empreender e se manter produtivo em cada canto desse imenso país.
Renovamos a fé das pessoas que querem trabalhar a partir de suas pequenas comunidades ou cidades. Nem todo mundo precisa se aglomerar nos grandes centros urbanos para conseguir sobreviver e ser feliz.
Por isso que é importante girar a roda e prestigiar campings, pousadas e hotéis e todas as suas cadeias produtivas, que incluem seus colaboradores e fornecedores, guias turísticos, parques florestais, locadoras e transportadoras, motoristas de ônibus, barcos, bares e restaurantes, cozinheiras, lojinhas e pessoal do artesanato, artistas, músicos, produtores rurais, feirinhas orgânicas e tantos outros personagens ou pequenas empresas desse importante ecossistema.
Então, esqueça visto, longas escalas, burocracias e câmbio supervalorizado. Mergulhe de cabeça neste nosso Brasil brasileiro, onde a melhor parte da viagem é praticamente de graça e abundante.
Porque, no final de uma jornada, o que fica são as histórias que vão passando de boca a boca, as receitas simples e extraordinárias que trazemos para casa, as estrelas que são reveladas pelo céu, as inesquecíveis cenas de pôr do sol, o nascer da lua e os bons e lentos papos com as pessoas com quem viajamos ou que encontramos pelo caminho.
Observação importante: Antes de fazer as malas, vacine-se, use máscaras e siga todos os protocolos de proteção. Cuide de você, e, principalmente, da saúde e segurança das pessoas e das comunidades que vão te receber, com todo o carinho, nos destinos escolhidos.
Boa viagem!