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Viagens corporativas têm forte recuperação

O faturamento em julho foi de R$ 987 milhões, um valor superior ao do período pré-pandemia.

O setor de viagens corporativas continuou com seu ritmo de recuperação em 2022 e encerrou julho com um faturamento de R$ 987 milhões, 1,8% superior ao mesmo mês de 2019, antes da pandemia da Covid-19

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Foi essa a principal conclusão do estudo realizado todos os meses pela Associação Brasileira de Agência de Viagens Corporativas (Abracorp), que mede o desempenho de 11 setores que fazem parte desse mercado. 

Na somatória do ano, o faturamento foi de R$ 5,78 bilhões, ainda 11% abaixo de 2019, com R$ 6,53 bilhões, mas 226% acima do valor atingido em 2021, R$ 1,77 bilhão.

O-destaque do mês passado ficou para o segmento aéreo, que faturou R$ 644 milhões, 65% do total da receita do setor, acima 2,82% em comparação ao valor alcançado em julho de 2019. 

“Porém, se olharmos no número de transações, o mês de julho deste ano é inferior 28% em relação ao mesmo período de 2019. “Uma das formas de analisar esses dados é considerar que o perfil do viajante doméstico mudou um pouco”, aponta Gervásio Tanabe, presidente executivo da Abracorp.

De acordo com Tanabe, a ponte aérea, por exemplo, nos trechos Congonhas/Santos Dumont e Congonhas/Brasiília, incluindo os trechos de ida e volta nos dois sentidos, registrou queda de 30% em bilhetes emitidos ao se comparar julho deste ano com o mesmo mês de 2019. 

Os valores das tarifas, por outro lado, tiveram um crescimento de 27%, o que reflete o empate técnico no faturamento. Além disso, a redução média geral em bilhetes emitidos foi 15% menor. 

“Assim, concluímos que em alguns trechos corporativos o movimento de retomada está mais lento que em outros.” destaca Tanabe.

Mais um destaque no perfil de viagens corporativas é o volume de vendas internacionais.  

“Embora a demanda esteja crescente, o viajante corporativo ainda na?o retomou o fluxo das viagens internacionais registradas em 2019, parte em função da alta do dólar”, revela Tanabe.

O segmento hoteleiro, o segundo maior em faturamento dentre os 11 setores analisados pela Abracorp, obteve um faturamento igual em 2022 e 2019, no mesmo período de julho, com uma leve variação negativa de 2,0%. Algumas redes, contudo, tiveram uma movimentação surpreendente. A hotelaria independente cresceu 1,6%, já as redes diminuíram vendas em 5,2%.

Os resultados do mês são uma confirmação da previsão da Abracorp, de fechar o ano com faturamento 20% superior ao de 2019.

O setor de agências de viagens chegou a perder cerca de 50% dos empregos entre 2019 e 2021, devido à retração das viagens corporativas. Em 2022, porém, na avaliação da Abracorp, já é esperada uma recuperação dos empregos, que vêm sendo retomados desde o começo deste ano.

Um dos principais desafios para o futuro, segundo Tanabe, é exatamente conseguir trazer esses trabalhadores de volta ao setor de viagens corporativas e alcançar o equilíbrio sustentável diante da alta dos custos na atividade. 

“A mão de obra das agências de viagens é especializada, especialmente no que se refere ao consultor. A tecnologia melhorou muito a usabilidade para o cliente, mas quanto maior a oferta na internet, mais confusa é a comparação de produtos e serviços, fazendo com que o conhecimento técnico do agente de viagens torne-se relevante”, conclui Tanabe.

Faturamento: resultado acumulado/22

ACUMULADO

JAN A JUL

2019

6.539.845.936

2020

2.503.189.118

2021

1.774.889.676

2022

5.785.390.216

Faturamento: resultado JUL/22

 

 

jul/22

jul/19

 

Produto/Serviço

Total Tarifa (R$)

% Produto

Total Tarifa (R$)

% Produto

% Variação

Cruzeiros

384.224,19

0,04%

133.759,55

0,01%

187,25%

Demais Serviços

29.977.603,36

3,04%

54.885.436,74

5,66%

-45,38%

Ferroviário

14.980,64

0,00%

116.061,88

0,01%

-87,09%

Hotéis

250.088.899,47

25,32%

249.352.160,35

25,72%

0,30%

Locação de Veículos

28.179.959,16

2,85%

17.230.488,98

1,78%

63,55%

Pacotes de Viagens/Lazer

17.377.868,29

1,76%

9.726.746,81

1,00%

78,66%

Rodoviário

2.175.599,35

0,22%

963.111,83

0,10%

125,89%

Seguro Viagem

10.013.272,01

1,01%

5.642.609,62

0,58%

77,46%

Serviços Aéreos

644.774.321,27

65,28%

627.077.437,06

64,67%

2,82%

Transfer

 4.582.687,65

0,46%

4.325.183,59

0,45%

5,95%

Vistos e Docs

125.349,98

0,01%

214.561,97

0,02%

-41,58%

TOTAL

987.694.765,36

100,00%

969.667.558,38

100,00%

1,86%

 

Destaques:

  • Entre os itens analisados, o segmento aéreo tem o maior volume de faturamento, embora com menor número de transações (-28%). Isso se deve ao perfil de viagens domésticas, que pode ter mudado um pouco, sendo que o aéreo deixou se der a primeira opção.
  • A ponte aérea, por exemplo, Congonhas/Santos Dumont e Congonhas/Brasília, tomando como base trechos ida e volta nos dois sentidos, registrou queda de 30% em bilhetes emitidos no período. Os valores das tarifas apresentarem aumento de 27%, o que justifica o empate técnico no faturamento
  • O contraponto dessa redução em viagens aéreas em trechos mais curtas pode ser fator determinante na demanda de locacão de veículos, que teve ao longo de toda a pandemia e ainda tem uma evolução muito consistente de 63% em julho/22. O perfil de locações por período maior que duas diárias caiu 22%, enquanto estadias mais longas aumentaram, ou seja, o viajante fica agora mais tempo no destino.
  • O outro segmento que causa um impacto direto nos números é a hotelaria, que se manteve estável, tal qual nos demais períodos, com variações menores que 1 digito. Porém, aqui também registrou-se uma reducão de 5 pontos percentuais na estadia média de até 2 pernoites.
  • Ou seja, o perfil do viajante teve uma pequena variacão no pós pandemia, como já esperado, em linhas gerais.