O que para esta nova geração é gift, para outras não poderia ser junk? Para o economista indiano Arjun Appadurai a questão pode ser elucidada se considerarmos a diferenciação entre duas formas de trocas: as permutas e os gifts.
As permutas de objetos não consideram o dinheiro como referência, reduzindo os custos sociais, culturais, políticos e pessoais a uma economia alternativa de troca de bens. Já os gifts consideram o espírito de reciprocidade, socialidade e espontaneidade no qual as trocas são efetivadas, e estão, em muitos casos, distantes das questões de lucro e de intencionalidade, tal como se observa na circulação de commodities.
Assim, enquanto os gifts criam links entre pessoas por meio da circulação de objetos e de relações sociais, as commodities representam a troca de objetos entre pessoas movidas pelo dinheiro e não pela socialidade. Considerando que as commodities são “coisas com um tipo particular de potencial social, qualidade que as distingue dos demais ‘produtos’, ‘objetos’, ‘bens’, ‘artefatos’ e outras tantas variedades de coisas” existentes nas mais distintas sociedades em todos os tempos e espaços, reais ou virtuais.
Então, neste silogismo, aplicativos para downloads que são entregues para degustação em suas edições básicas e depois comercializados em versões mais avançadas não são gifts?
É… “O grátis não é o que costumava ser, especialmente na internet, cuja própria história e tecnologia se baseiam na noção de que as informações e praticamente todo o resto on-line quer ser grátis. Os presentes na web sempre vem acompanhados de um alto preço…”, reflete John Schwartz (The New York Times).
Mas quem é que não quer um widget para chamar de seu?