Meus amigos, vou tomar um risco que não gostaria, mas a tentação de um homem de marketing é muito maior, ainda mais quando se mete a escrever.
Peço por favor, antes de continuar, que tenham em mente que, tudo o que vocês vão ler, é estritamente, levando em consideração, as oportunidades que se apresentam, quando construímos um evento, desde o momento da criação dos quadros que vão acontecer, passando pelos mínimos detalhes, e aproveitando todos os desafios para torná-lo ainda mais memorável. Não é fácil, mas para uma pessoa de planejamento como eu, estes detalhes, não passam em branco. Aliás, são exatamente os detalhes que vão construir a experiência final de quem está participando, ou simplesmente assistindo.
Eu adoro, quando consigo invocar o mestre João Saldanha, começando um artigo, do jeito que ele fazia. E vou me permitir também citar, meu outro mestre, Nelson Rodrigues para fazer um disclaimer a seguir.
O evento que vou me arriscar a comentar, é a posse do novo Presidente eleito; e para isso quero dizer, não, afirmar aos idiotas da objetividade, que não se trata de um artigo para celebrar um partido ou seus ideais. Mas sim, de uma análise das ideias executadas naquela oportunidade. Sei bem que pouco adianta tudo isso, pois infelizmente vivemos um divórcio entre o entendimento e o ódio aos que estão do outro lado.
Então-vamos. A posse. Um dia que se iniciou tenso, desde 12 de dezembro de 2022. O que iria acontecer?
Primeira oportunidade.
Usar um carro fechado, ou o Rolls Royce com a capota aberta, que é um símbolo da posse presidencial, desde Getúlio Vargas.
A dúvida foi mantida até quando foi possível. E o resultado foi o delírio da plateia, diante da cena que todos imaginaram e por isso estavam ansiosos para ver. Delírio total.
Segunda oportunidade.
Uma dupla, pouco provável, estava assumindo. E digo isso por conta de que, seus adversários no pleito, não deixaram de usar todas as farpas, pragas e xingamentos, trocados quando Presidente e Vice foram adversários mortais em outra campanha. Solução a partir de um símbolo simples, que denotou o entendimento que os agora parceiros, encontraram para afirmar que, ali, naquele momento, estava tudo em paz. Me refiro a cor da gravata usada pelo Presidente, azul – cor do partido originário de seu Vice; e vermelha pelo Vice, a cor do partido do Presidente.
Símbolos existem para isso meus amigos.
Terceiro detalhe (in)significante.
Pela primeira vez diante de todo o Congresso Nacional, de convidados de todo mundo e de familiares, no momento de assinar o livro da posse, o Presidente aponta, nesta sua terceira passagem, para “esquecimentos” passados, e contrapõe à caneta Bic, usada pelo seu antecessor num gesto de simplicidade em relação às canetas de grife usadas no passado, por uma história para homenagear o estado da federação onde conseguiu ampla maioria. Resultado. A caneta piauiense circulou na mesa para as assinaturas, e ganhou o status de homenagem de agradecimento.
Outro disclaimer.
Como meu objetivo é analisar o que foi criado em termos de soluções, não vou aqui analisar discursos.
Quarto e principal desafio para os criadores.
Quem vai passar a faixa presidencial?
Essa, não era para amadores.
Aquele ditado de quem sabe faz ao vivo, para mim é uma enorme mentira. Para mim quem sabe, planeja, planeja, debate, debate, ensaia, ensaia, ensaia, revê tudo antes e depois faz ao vivo.
E lá vão Presidente e Vice, acompanhados de suas esposas, para o momento em que, em minha opinião, se produziu uma foto, que tem tudo para ir para os livros de história: o momento da subida da rampa.
Conseguiram fazer deste desafio, provocado pela ausência do antecessor, um fato emocionante.
Sobem a rampa, juntos os dois casais, e mais 8 representantes dos eleitores da chapa vencedora.
Impressionantemente lindo.
Cheio de emoção.
Uma infinidade de símbolos, resolvendo um baita de um desafio, com muita maestria.
E até o cachorro, um vira lata preto, com um nome significativo, Resistência, acompanha o grupo.
Fiquei muito feliz com o que aconteceu, pois acabou trazendo um ápice completamente planejado, para superar uma dificuldade. E vamos combinar que, a solução encontrada foi muito significativa.
Quinto ato.
Em minha visão, o momento de colocar a faixa, deveria ter sido mais ensaiado. Sei que, muitas vezes fica difícil de fazer com que os atores envolvidos, não prestem a atenção devida, e que também os ensaiadores, apaixonados pelo momento que criaram, acabam não dando muita atenção ao ritual, simples que ali iria acontecer. Mas foi. Aconteceu.
Neste ponto faço o meu único apontamento.
Não se faz por aclamação, como foi dito na entrevista que a linda moça concedeu. Estava ali presente, se realmente há um respeito ímpar pelos Povos Originários, como se proclamou aos gritos desde o Ipiranga até o Planalto Central, a maior autoridade brasileira naquele momento: o Cacique Raoni, do alto de seus quase 90 anos, ele representava ali, todo o poder significante da terra brasilis.
Raoni, o representante dos Povos Originários, colocando a faixa no representante eleito Presidente, pelos que hoje dividem o território brasileiro com eles.
Significância histórica.
A&B.
Na linguagem dos profissionais da área de eventos, A&B significa alimentos e bebidas.
Parem um segundo e pensem rapidamente: quem deveria ser convidado a assinar o jantar para as autoridades no Itamarati?
Sinuca de bico.
Mais uma oportunidade desafiante, aproveitada com maestria. Cada pedacinho do cardápio de alimentos e bebidas, foi assinado por um grande Chef.
Dessa forma, tivemos uma grande quantidade de Chefs participando, sem que houvesse preferência de um ou outro.
E por fim, a Festa.
Uma realização simples e fantástica para o público.
Dois palcos batizados de Elza Soares e Gal Costa, duas das maiores cantoras que nosso país já teve.
Dessa forma, a festa não parava.
Enquanto um estava se apresentando, outro estava se aprontando.
E assim, a organização dominava e controlava o tempo que a festa iria durar.
Alguns chatos diriam: mas Luiz, já vi isso acontecer em outros lugares. E eu responderia; Parabéns. Mas e daí?
Copiar é humano. E bem-feito é melhor ainda.
Encerrando esta dissertação analítica, preciso pontuar uma percepção minha.
Eu duvido que a Primeira-Dama Janja, não tenha sido a principal criadora, ou no mínimo, quem aprovou cada passo da cerimônia de posse. E quero dizer, antes que outro chato perturbe, que sim, eu sei que que existe um roteiro, mas meus amigos os detalhes, certamente tiveram a mão de uma mulher. Um homem, seria incapaz de cuidar de tantos detalhes assim.
Eu sei. Eu vi o olhar dela, durante cada passo. Ela estava presente em cada movimento, daqueles que tinham que fazer acontecer aquele evento. Ela estava no carro desfilando, sabendo quem estava cuidando do Cacique Raoni, do menino corintiano, e da cozinheira que estava fazendo o acarajé. Estava estampado no rosto dela, no seu sorriso, na sua confiança.
Posso estar errado.
Mas arrisco ainda mais; tenho certeza também, que o toque final dos discursos do Presidente, tiveram os pitacos de Janja, e sua aprovação final.
Devo confessar que, o sucesso que os eventos que organizei e coloquei no ar, sempre tiveram mulheres de nomes diversos trabalhando incessantemente nos detalhes. Fizemos um bom time, e sou imensamente grato a todas elas.
Parabéns a quem chegou até aqui.
Eu tinha o dever de escrever este artigo, neste Portal Promoview, que trata exatamente disso: live marketing.