Dos 4,5 mil criadores de conteúdo ouvidos pela Wake Creators, apenas 9% conseguem se manter apenas com a renda de suas parcerias e trabalhos pela internet. Todo o restante tem algum emprego – ligado ao seu conteúdo ou não – para complementar o que ganham no mês.
A informação vem do “Censo dos Criadores de Conteúdo”, um levantamento realizado pela empresa do segmento de marketing de influência e análise de dados. Segundo ela, apesar das ressalvas do setor, 75% dos jovens brasileiros almejam seguir carreira como um influenciador no futuro.
Maioria feminina, falta de liberdade e facilidade de monetização: o que diz o Censo dos Criadores de Conteúdo
O estudo promovido pela Wake Creators busca traçar um panorama generalizado do perfil médio dos criadores de conteúdo brasileiros. A ideia é mostrar uma espécie de “raio X” da chamada Creators Economy, revelando informações que indicam os rumos em potencial para o setor no Brasil.
“Ainda se fala pouco sobre os bastidores da creator economy e seu impacto real no mercado como um todo e nas profissões do futuro. Por isso damos voz mais uma vez aos criadores de conteúdo para trazer dados concretos que ajudem o mercado a evoluir, entendendo quem eles são, como trabalham, quais suas dores e expectativas para o futuro”, afirma Julia Affonseca, Diretora de Negócios e Operações Wake Creators.
Neste levantamento, há uma divisão por gênero e geração, além de dados sobre alcance, dados de rotina, desafios e relacionamentos com marcas e parceiros. Veja algumas das informações mais essenciais:
- Recorde de gênero: 87% feminino, 12% masculino, 1% não respondeu
- Faixa etária: 71% tem entre 27 e 46 anos (millenials); 24% tem entre 18 e 26 anos (geração Z); 4% tem entre 47 e 56 anos (geração X) e 1% tem mais de 57 anos (baby boomers)
Uso de IA cresce, mas não substitui conexões humanas
De acordo com o levantamento, 49% dos 4,5 mil criadores de conteúdo respondentes admitem usar algum recurso de inteligência artificial (IA) no desenvolvimento de seus produtos.
A pergunta feita pela Wake Creators neste aspecto era de múltipla escolha, listando diversas opções com impacto direto na criação de conteúdo – seja na produtividade ou na conceitualização de materiais.
- 28% Criação de legendas/textos
- 24% Revisão
- 22% Brainstorm
- 20% Pesquisa de tendências
- 10% Edição de imagens/vídeos
- 7% Métricas
- 2% Automação
Ser um criador de conteúdo é desejo da maioria, mas profissionais sinalizam ressalvas
Apesar de dois terços dos jovens brasileiros terem a vontade de seguir carreira como criadores de conteúdo, quem já está nessa indústria mostra que o trabalho não é fácil – e, famosa expressão “engolir sapo” se faz mais presente do que a média.
Isso porque 41% dos creators dizem não ter liberdade editorial ou tê-la em apenas alguns trabalhos, o que, em termos práticos, significa que o contratante não quer apenas encomendar a produção, mas mandar nela. Em um dado potencialmente relacionado a isso, 62% dos entrevistados já recusaram campanhas por falta de alinhamento com valores.
Entretanto, os profissionais da área pintam um panorama majoritariamente favorável à posição, listando satisfações variadas e sentimentos, de uma forma geral, positivista:
- 50% vêem a profissão como inspiradora
- 48% vêem a profissão como desafiador
- 47% vêem a profissão como divertido
Investir no conteúdo de nicho ou buscar mais públicos?
Uma dúvida específica que a pesquisa não conseguiu resolver é a questão de intenção dos criadores de conteúdo para o futuro. Isso porque metade sinaliza aposta em conteúdos mais específicos (52%), enquanto o outro lado (44%) quer o oposto, diversificando conteúdo para públicos maiores.
O primeiro tem a ideia de que é válido sacrificar o volume de público desde que a audiência cativa seja recorrente, perene, de fácil retenção. Já o segundo prefere apostar no “quanto mais gente me vendo, melhor”, produzindo conteúdos que sejam atraentes a várias indústrias e, consequentemente, às respectivas marcas.
Perfil médio de criadores de conteúdo e práticas de monetização
Finalmente, segundo o censo da Wake Creators, o setor de criadores de conteúdo brasilerio é dividido em camadas de influência e seguidores. Porém, se o começo desta indústria considerava “influencer” apenas aqueles com um milhão de seguidores, hoje a indústria é regida pelos “micro” perfis: 33% têm até 10 mil seguidores, 38% entre 10 e 50 mil e 12% ficam entre 50 e 100 mil. O volume acima do milhão? Só 1% chega nessa marca.
Independente do volume de audiência, no entanto, o censo ressalta algo que outras pesquisas já apontavam: consumidores são mais propensos a experimentar produtos quando sabem que eles são endossados por criadores de conteúdo – especificamente, 74% do público pensa desta forma.
Outros dados de interesse da pesquisa incluem:
- Redes sociais preferidas: Instagram (97%), TikTok (79%), YouTube (30%), Facebook (25%) e Kwai (16%)
- Formatos favoritos: Vídeos curtos (até 3 minutos: 54%), stories (18%) e vídeos médios (3–10 minutos: 13%). Contudo, observa-se um movimento de retorno ao YouTube para conteúdos longos
- Permutas lideram o formato preferido de remuneração (67%), seguido pelo chamado “UGC” (conteúdo gerado pelo usuário, com 57%), programas de afiliados (26%) e embaixadorias (23%)
- No que tange ao dinheiro explícito como pagamento, 44% dos respondentes aceitam permutas de até R$ 500, mas 31% dos que nunca fizeram permutas exigem produtos acima de R$1.000
- 64% dos respondentes determina o cachê de acordo com a complexidade de produção, 41% tira sua base no nicho de audiência, 40% se vale no poder da própria imagem, 33% decide após saber do orçamento da marca e, finalmente, apenas 12% se baseiam em número de seguidores
- Os influenciadores mais citados incluem: Virginia, Bianca Andrade, Manu Cit, Silvia Braz, Mari Maria, Bruna Tavares, Niina Secrets, Carol Borba, Patricia Ramos, Whindersson, Carlinhos Maia, Gabriela Pugliesi
Vale lembrar que o estudo é de acesso público, mediante credenciamento da plataforma da Wake Creators. O link para download já está disponível.