O podcast Na Escuta está de volta, e para marcar a estreia da nova temporada da produção do Promoview, a apresentadora e CEO do site, Cindy Feijó, recebeu três vozes experientes para analisar os destaques do South by Southwest (SXSW) 2025: Brenda Maia (CEO da Eagle Live Marketing), Fernando Luna (jornalista, ex-diretor de Projetos Especiais da Globo e cofundador da Mina Bem-Estar) e Rogério Panca (ex-diretor do Santander).
No estúdio da MAXI, patrocinadora do projeto, eles desvendaram como o festival equilibrou debates sobre inteligência artificial, resistência política e experiências que desafiaram a fronteira entre realidade e ficção. O episódio, intitulado “O SXSW ainda é relevante? O Os aprendizados de 2025”, já está no ar em nosso canal no YouTube e também no Spotify.
As trilhas que definiram o debate
Com 23 trilhas temáticas, o SXSW 2025 fez jus ao nome de “festival”, abordando um leque de temas que o levou da inteligência artificial (IA), videogames, computação quântica e até a longevidade – um detalhe que não passou despercebido pelos participantes do “Na Escuta”.
Brenda Maia, por exemplo, ressaltou a importância da diversidade de conteúdo do festival: “como gestora, preciso de repertório para entender para onde o mercado tá indo. Lá você abre a cabeça, visita palestras de áreas completamente diferentes da sua e volta pronto para propor soluções disruptivas aos clientes. É como uma imersão acelerada no futuro.”
Na mesma linha de raciocínio, Fernando Luna complementou: “a graça é justamente essa loucura de 1.000 sessões. Você pode estar na mesma palestra que um banqueiro e um artista de rua, e os dois vão sair com insights totalmente diferentes. Isso é raro no mundo corporativo, onde tudo é muito segmentado.”
Um dos pontos que recebeu destaque dos três participantes do podcast foi a presença da tecnologia – tanto como tema, como pela presença de marcas do setor. Para a mesa do “Na Escuta”, o SXSW 2025 marcou um momento de confronto ao conservadorismo das big techs, por meio de exemplos que realmente agregaram insights valiosos ao debate:
“Tivemos Meredith Whitaker, CEO do Signal; Jay Graber, do Bluesky; e Chelsea Clinton, filha de um ex-presidente americano, que estavam lá para discutir temas como privacidade de dados e direitos reprodutivos” , destacou Luna.
“Até o John Fogerty [vocalista do Creedence Clearwater Revival] subiu no palco para cantar ‘Have You Ever Seen the Rain?’ com um tom de protesto político. Foi um recado claro: a inovação não pode ignorar a justiça social.”
Fernando Luna, jornalista e cofundador da Mina Bem-Estar
Por sua vez, Rogério Panca reforçou a urgência do debate ético: “Tim Berners-Lee, que é ‘só’ o cara que criou a internet, questionou em um debate sobre IA: ‘ela serve a mim ou às corporações?’. Ele lembrou que, nos anos 80, a web era colaborativa. Hoje, é competição pura. Precisamos resgatar esse espírito coletivo antes que seja tarde.”
Berners-Lee como participante do SXSW 2025, aliás, foi um ponto de bastante tempo dedicado pelos três especialistas no “Na Escuta”: responsável pela criação do que conhecemos como “www” e dono de um trabalho que levaria ao nascimento de tecnologias fundamentais da internet (siglas como “http”, “html” e “url” derivam diretamente de sua criação), o especialista foi crítico ao atual espírito de competição entre empresas de IA.
Para ele, isso faz com que os recursos disponibilizados por ela sirvam a políticas de faturamento das empresas, e não necessariamente as colocam a serviço do usuário.
Humanidade vs. Máquinas: os dilemas da era digital
Ainda na abordagem tecnológica, Brenda compartilhou um dado impactante: “um painel mostrou que jovens estão usando chatbots como terapia para combater a solidão. É assustador, mas revelador: as marcas precisam criar experiências que geram empatia real, não só algoritmos. Senão, vamos virar personagens de Black Mirror.”
Essa visão também foi abordada por Rogério Panca, que relatou uma experiência pessoal: “[eu] andei num carro autônomo da Waymo em Austin. O volante se mexia sozinho, e eu quase infartei. Foi a melhor aula de marketing da minha vida: tecnologia sem humanidade vira um filme de terror.”
Outro ponto tecnológico do SXSW foi o caráter das ativações do festival. Para os três especialistas, as ofertas espalhadas pela cidade de Austin, no Texas, “desafiaram a realidade”. Brenda pareceu ser especialmente curiosa pela Rivian, patrocinadora master do festival: “eles trouxeram carros elétricos autônomos e drones vestidos de cegonhas que distribuíam produtos. Parecia cena de Black Mirror, mas era real. Mostrou como a tecnologia pode ser lúdica, mas também perturbadora.”
Por outro lado, Luna mencionou a polêmica Colossal Biosciences: “eles querem ressuscitar mamutes com DNA sintético. O debate foi acalorado: é inovação ou brincar de Deus? O SXSW provoca questões que o mercado prefere ignorar.”
Para os participantes do “Na Escuta”, SXSW 2025 foi um antídoto contra o conformismo
Os três concordaram: o SXSW 2025 foi um ponto de inflexão, onde a multitude de assuntos fez com que tópicos convenientemente ignorados pelo status quo fossem discutidos à exaustão: “acho que foi Douglas Rushkoff, um dos palestrantes, quem disse: ‘voltem a ser esquisitos’. É isso: inovação não é sobre hype, mas sobre manter a curiosidade viva – mesmo que isso incomode”, comentou Fernando Luna.
Por fim, Panca finalizou com um desafio: “o festival é caro? Sim. Mas o conhecimento está nas traduções do Itaú, nas conexões que você faz na fila do café, nas palestras do YouTube. Quem quer inovar, encontra um jeito.”
Sobre os entrevistados
Brenda Maia é CEO da Eagle Agência, e possui mais de 25 anos de trajetória no mercado corporativo. Iniciou sua carreira desenvolvendo sistemas para grandes empresas, mas sua afinidade natural com vendas, comunicação e relacionamento com o público rapidamente a direcionou para novas oportunidades. Ao longo de sua carreira, atuou em grandes empresas na área de tecnologia e trade marketing, como Santander, Primesys e Cielo.
Em 2020, Brenda realizou seu sonho de empreender e fundou a agência especializada em Live Marketing, Digital e Projetos Customizados. Sob sua liderança, a Eagle cresceu rapidamente, com mais de 500 projetos executados em quatro anos. Alguns destaques incluem: Livelo, ELO, Dimep, Embratel, Pede Pronto, WBD, Núclea, Qualicorp e Getnet.
A Eagle também obteve a certificação internacional “Woman-Owned Business” pela WEConnect International, sendo uma das 200 empresas na América Latina com essa distinção. Em 2024, Brenda prepara a agência para novas conquistas, com foco na expansão de mercado, no aprimoramento da experiência do cliente e no fortalecimento de sua equipe multidisciplinar.
Fernando Luna é jornalista, colunista das revistas Gama e QuatroCincoUm, e cofundador da Mina Bem-Estar. Com uma trajetória consolidada no mercado editorial, foi diretor de Projetos Especiais da Rede Globo, diretor editorial da Editora Globo e diretor editorial e sócio da Trip. Também teve uma passagem marcante pela Editora Abril, onde esteve à frente de diversas iniciativas.
Rogério Panca é economista pós-graduado em Administração pela FGV e MBA em Negócios Internacionais pela FEA-USP.
Com mais de 30 anos de experiência na indústria financeira, em 2014 tornou-se Diretor da Unidade de Governança de Entidades Ligadas ao Banco do Brasil.
Entre o período de 2015 a 2019 foi Diretor estatutário do Banco do Brasil, responsável pela Diretoria de Meios de Pagamento, além de ingressar o conselho de administração de empresas como Banco Digio S.A., Cateno S.A., Elo Serviços S.A., Livelo S.A., Alelo S.A., Cielo S.A. e Elopar.
Entre 2019 e 2024 foi o Diretor responsável pela área de Cartões e Pagamentos Digitais no Santander Brasil. Finalmente, ele também foi também presidente da Abecs entre os anos de 2022 e 2023.