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A difícil tarefa de se fazer um turismo sustentável

Com mais de um bilhão de turistas viajando pelo mundo, o turismo é uma força econômica poderosa e transformadora. Mas, quando o assunto é ter um turismo sustentável, a coisa muda um pouco de figura, principalmente no Brasil,

Com mais de um bilhão de turistas viajando pelo mundo, o turismo é uma força econômica poderosa e transformadora. Mas, quando o assunto é ter um turismo sustentável, a coisa muda um pouco de figura, principalmente no Brasil, onde, por mais que campanhas sejam feitas para preservarmos as nossas belezas naturais, ainda tem muita gente que não conseguiu entender a importância da sustentabilidade e faz, de nossas praias e parques, o quintal da casa delas.

O potencial do turismo para o desenvolvimento sustentável é reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) como um dos principais setores de geração de emprego do mundo. A atividade oferece oportunidade de subsistência, ajuda a reduzir a pobreza e direciona as atividades produtivas para o desenvolvimento e inclusão social.

A meta da Organização Mundial do Turismo (OMT) quando designou 2017 como o “Ano Internacional do Turismo Sustentável” foi ampliar a compreensão e conscientização da importância do turismo no compartilhamento do patrimônio natural, cultural e distribuição da riqueza proporcionada pelas viagens.

O turismo sustentável também valoriza as diferenças culturas e contribui para o fortalecimento da paz no mundo. A sustentabilidade tem como base três pilares: econômico, social e ambiental.

Se bem concebido e gerido, o turismo proporciona emprego e renda em harmonia com a natureza, a cultura e a economia dos destinos. O consumo responsável dos serviços turísticos também minimiza impactos negativos ambientais e socioculturais, e, ao mesmo tempo, promove benefícios econômicos para as comunidades locais e no entorno dos destinos.

Na adoção dos 17 “Objetivos do Desenvolvimento Sustentável” (ODS), definidos pela ONU, o turismo foi inserido em três deles: 8º) Promover crescimento econômico sustentável e inclusivo, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos; 12º) Consumo e produção sustentável; e 14º) Conservação e uso sustentável dos oceanos, mares e fontes marinhas para o desenvolvimento sustentável.

A mobilização conjunta torna a atividade um catalisador de mudanças positivas com ações políticas, práticas de negócios e comportamento de consumo que contribuem para o desenvolvimento racional do destino. Em 2015, o Ministério do Turismo apresentou o “Mapa da Sustentabilidade” com um guia para consultas que promoveu e incentivou turistas a visitarem destinos que avançam na implementação de boas práticas para a sustentabilidade do turismo.

O esforço dos órgãos competentes pelo fomento do turismo sustentável é louvável. Porém, é preciso que o turista mude a sua maneira de agir. Se de um lado temos um hotel, pousada ou resort tendo atitudes sustentáveis, do outro, temos pessoas que jogam lixo nas ruas, no mar, nos lagos e onde mais puderem.

Quem gosta de viajar para uma cidade suja? Ninguém! Porém, a impressão que se tem, é que o indivíduo esquece que é dele também a responsabilidade de mantê-la limpa. Se houvesse uma consciência ambiental não haveria necessidade de leis para multar quem joga lixo na rua.

Em 2017, assim que encerrou a chamada "temporada de verão" e também o Carnaval, várias ações foram realizadas para limpar as ruas e o mar. Em plena Quarta-feira de Cinzas, a Antarctica deu um bom exemplo com uma ação de marketing sustentável realizada no Rio de Janeiro. Executivos da marca, influenciadores e o público em geral fizeram as vezes dos catadores de latinhas e foram limpar as ruas depois dos quatro dias de muita diversão no Carnaval.

Havia necessidade disso ser feito? Não! Se houvesse consciência ambiental o lixo estaria aonde deveria estar: nas lixeiras. Ponto para a Antarctica que pegou carona na 'porquice' do povo para se destacar como marca sustentável.

Em Salvador (BA) não foi diferente. De acordo com informações do Projeto Fundo Limpo, que realizou a ação de marketing sustentável, 48 mergulhadores voluntários participaram da limpeza do mar, que foi realizada no dia 1º de março, entre a praia do Farol da Barra e o Yatch Clube.

Entre objetos mais comuns, como latinhas de bebida, os mergulhadores retiraram do fundo do mar materiais mais inusitados, como pneus e até cadeira de escritório. Uma outra ONG também entrou em ação em Santos (SP). O mutirão, realizado pelo Instituto Mar Azul, aconteceu entre a Praia do Canal 3 e o Aquário Municipal. Além da limpeza, os voluntários distribuíram folhetos com informações sobre a ação de marketing sustentável para os banhistas. A ação de sustentabilidade contou com a participação de 60 pessoas e recolheu mais de 17 kg de resíduos descartados irregularmente. Mais um bom exemplo a ser seguido.

Ao mesmo tempo em que essas ações de voluntários que se preocupam com o meio ambiente são louváveis, é muito triste ver que ainda existe a necessidade disso ser feito. A partir do momento que cada um se responsabilizar pelo seu próprio lixo, essa ONGs poderão realizar outras atividades que contribuam para o bem-estar das pessoas.

O turismo é fundamental para a sobrevivência de qualquer País. É muito bom viajar, conhecer lugares e culturas diferentes. Mas, para que ele seja sustentável, a mentalidade do povo tem de mudar.

No próximo final de semana tem início a maior festa popular do Brasil. O Carnaval, e, junto com ele, o final da temporada de verão 2018. Será que teremos um cenário mais bonito, ou melhor dizendo, limpo, do que foi visto em 2017? Não espere que as marcas e ONGs façam a limpeza da sua cidade. Seja um folião consciente e contribua para o crescimento do turismo sustentável.

Será que em 2018 teremos uma visão diferente do que resta no Sambódromo após o desfile das escolas de samba?