Em protesto contra uma campanha de marketing do Bradesco divulgada em 23 de dezembro, em que três influenciadoras viralizaram ao sugerir o não-consumo de carne nas segundas-feira, sindicatos rurais e representantes de associações de criadores promoveram nesta segunda, 3, manifestações em várias regiões do país com o título unificado “Segunda com Carne”.
Os protestos foram convocados na semana anterior por grupos de WhatsApp e ocorreram em frente a agências do banco no Mato Grosso, São Paulo, Pará, Tocantins e Minas Gerais.
Na maioria dos locais, como Cuiabá, Sinop, Água Boa, Rondonópolis, Barra do Garças, Porto Alegre do Norte (todas no MT), Ribeirão Preto, Presidente Prudente, Birigui (em SP) e Uberaba (MG), foram distribuídos espetinhos de carne ou churrasco às pessoas que formaram fila.
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Em Xinguara, no Pará, uma reportagem do G1 revelou que os pecuaristas resolveram doar seis toneladas de carne bovina para os beneficiários de programas sociais. A fila avançou por vários quarteirões enquanto um carro de som anunciava que o movimento era um alerta à população para evitar a lacração de não comer carne. O termo “lacração” foi repetido em várias das manifestações.
Em Cuiabá, em frente à agência central do Bradesco, foram distribuídos 1.500 espetos, cerca de 150 kg de carne, para aproximadamente 800 pessoas. “O objetivo foi mostrar ao consumidor a importância da pecuária e sua responsabilidade no sequestro das emissões de gases. Respeitamos quem não come carne por opção, mas é um ledo engano achar que isso contribui para o meio ambiente”, disse Francisco de Sales Manzi, diretor-técnico da Associação dos Criadores do Mato Grosso, ao G1.
“A criação de gado contribui para a emissão dos gases de efeito estufa, então, que tal se a gente reduzir o nosso consumo de carne e escolher um prato vegetariano na segunda-feira?”, sugerem as influenciadoras no vídeo que busca promover redução de carbono. Segundo Manzi, os pecuaristas do país inteiro se sentiram ofendidos com a ideia errônea que foi levada aos consumidores pelo vídeo.
“Não é exagero da parte deles, é má-fé. Eles fazem de propósito para quebrar o agronegócio. A mesma propaganda feita pelo Banco do Brasil mostra a diferença entre um banco consciente e outro que faz difamação do agronegócio”, disse o deputado estadual Gilberto Cattani (PSL) à Folha de S. Paulo.
Uma semana antes, o Bradesco já havia publicado carta reafirmando seu apoio ao agronegócio brasileiro e sua “crença indelével” no setor como vetor de crescimento do país. A instituição declarou ainda que a posição manifestada por influenciadores digitais em relação ao consumo de carne bovina é “descabida”, não representa a visão da instituição e que tomou “ações administrativas internas severas”.
Nesta segunda, a assessoria de imprensa divulgou esta nota: “O Bradesco reitera seu apoio e crença irrestrita ao setor agropecuário. Há décadas é o maior banco privado do agronegócio. Foram a Pecplan e a Fundação Bradesco, com o apoio de seus técnicos, que implantaram e capacitaram milhares de agropecuaristas a fazer inseminação artificial. Com isso, o banco contribuiu decisivamente para a pecuária alcançar o atual e reconhecido nível de excelência mundial”.