Conteúdo Especial

Storyliving é o novo storytelling? Como contar histórias autênticas para cativar o público na atualidade

Contar histórias fez parte da evolução da humanidade, mas ganhou novos usos e significados ao ser abraçada pela comunicação, marketing e, principalmente, pelo brand experience.


O que acontece quando unimos um conceito de marcas com a habilidade de contar histórias através da persuasão? Ganhamos a possibilidade de criar uma estratégia de marketing envolvente e altamente eficaz. 

Permitindo que marcas contem histórias que ressoam entre o público, cativam e gerem ainda mais audiência, o storytelling se fortaleceu (e recebeu um nome bonito, pois em essência, é uma narrativa) quando a busca por engajamento tornou-se especialmente interessante para muitas empresas, com histórias que.. adivinha: vendiam!

E não só isso, também geravam conversas e fidelizavam muitos consumidores no século passado. Hoje, com este “segredo” mais público do que nunca, a forma de contar histórias ganhou novos capítulos com o avanço da tecnologia.

E quando chegamos à era do Brand Experience, em que fortalecer as relações das marcas com seus clientes e garante uma relevância duradoura no mercado, temos uma conexão que vai além do produto ou serviço, tornando a marca parte da vida e da história do cliente. 

Essa junção já gerou criação de embaixadores de marcas, que compartilham entusiasticamente suas experiências, promovendo a marca de maneira orgânica e sustentável, além de uma posição sólida no mercado competitivo dentre concorrentes pois cada história é única (ou pelo menos deveria ser).

Para explorar esse conceito e ver até onde ele pode chegar, conversamos com Igor Ventura, que é diretor artístico, roteirista (vencedor na categoria do Prêmio Live 2022), autor e diretor de programas de TV no Brasil e em Portugal com passagens por agências como Fibra e Lâmpada; e que vem acendendo uma conversa muito interessante sobre o que seria evolução do storytelling para o storyliving – e como essa transição vem impactando as estratégias de marketing e engajamento de marcas nos dias de hoje.

P: Afinal, o que é storyliving?

Storyliving é algo muito ligado à percepção que uma pessoa tem de uma experiência. A forma como ela foi impactada – as conexões emocionais e físicas que foram despertadas a partir do seu envolvimento naquele ato.

Quem cria uma ação, uma atração ou um produto e pretende fazer com que consumidores vivam atmosferas e histórias com o que criou deve estar pronto para entender como trabalhar para que aconteça uma jornada de emoções. Porque as emoções é que mobilizam as pessoas.

E existe todo um ferramental que pode ser empregado nessa proposta. Nem sempre isso tem a ver com tecnologia.

São técnicas que contribuem para que esse “design das emoções” aconteça. Esse termo quem me apresentou foi a professora Vera Damásio, da PUC Rio de Janeiro – e desde então busco aprimorar o design das emoções que pretendemos levar às pessoas em nossos projetos.

Hoje, ser parte integrante de uma experiência onde o “Storyliving” é elemento central, é algo cada vez mais comum. 

As marcas entenderam que contar histórias traz o consumidor para perto. Com storyliving ele não só se identifica com o enredo – mas passa a fazer parte daquela situação toda.

Ou seja – você pode criar um ambiente real ou imaginário – desde que seu espectador tope a brincadeira e se entregue à aventura! Uma comunidade inteira fabricada – um condomínio pensado em todos os detalhes – é uma das ferramentas que a Disney usa. 

Ela criou um negócio imobiliário para fazer com que parte de seus fãs pudessem morar num lugar que transborda a atmosfera dos parques e dos personagens que tanto amam. Mas ninguém precisa ir tão longe e nem se valer de um orçamento inatingível para que esse pacto imersivo aconteça.

E para complementar o entendimento do que é storyliving, perguntamos também Gustavo Estevam, Atendimento Executivo da Agência Seven Thinkers, empresa que já adota o conceito em seu DNA e tagline “Storyliving, Be the Experience”, e que nos respondeu:

“O “storyliving” é uma extensão natural do reconhecimento de que as histórias desempenham um papel fundamental na maneira como as pessoas se relacionam com o mundo ao seu redor. 

Esse reconhecimento levou a um foco crescente no brand experience e na criação de experiências envolventes e nas ideias de que as marcas podem se tornar parte integrante das histórias das pessoas, e sabemos que momentos impactantes tendem a serem assertivos na decisão final de uma compra ou fidelização do cliente.”

Igor-Ventura

P: Como você vê a transição do storytelling para o conceito de storyliving impactando as estratégias de marketing e engajamento de marcas nos dias de hoje?

R: Essas palavras mágicas do universo do marketing são interessantes – mas ajudam a pensar de maneira mais concreta sobre conceitos nem sempre fáceis de se entender. 

Para começar, não acredito que a era do ‘storytelling’ esteja com os dias contados. Pelo contrário… Contar uma boa história é parte fundamental para que as pessoas vivam experiências inesquecíveis – e as experiências são o elemento central do ‘storyliving’. 

De certa maneira, sempre houve uma experiência de usuário. Alguém que compra ou se relaciona com uma marca já vem colocando em seu próprio estilo de vida aquilo que aquela determinada marca se esforça para representar. Isso não pode ser desprezado como experiência – é a vida das pessoas! O que ocorre é que agora as marcas entenderam que fazer parte de momentos importantes da vida de alguém é algo capaz de criar uma conexão muito mais forte do que só anunciar.

P: Quais são os elementos-chave que as empresas devem considerar ao adotar a abordagem de storyliving em suas narrativas de marca?

R: Em primeiro lugar, a marca deve ter uma mensagem própria. Uma mensagem verdadeira e que vai se desdobrar da comunicação para a ação

As grandes marcas são as que traduzem as suas histórias em momentos e rituais. O DNA da marca é o elemento que se transformará em experiência. 

Algo inverídico pode até virar um momento – mas, por pecar na consistência, tem poucas chances de entrar na memória… Já algo que é verdadeiro – vira experiência e perdura na lembrança.

P:-Pode nos dar exemplos concretos de marcas que têm efetivamente incorporado o storyliving em suas estratégias e como isso tem afetado o envolvimento do público e o sucesso de suas campanhas?

R: Eu vou focar essa resposta no exemplo da realidade virtual. 2017 – Case brasileiro da Ogilvy para Hermes Pardini. Vencedor de Leão em Cannes. Vacinação de crianças – um instante sempre choroso e dramático – e que com a ajuda de um óculos de realidade virtual e de uma historinha que traz a narrativa de personagens infantis e um super escudo que começa com um sopro frio (a hora do algodão com álcool) e de uma brasinha quente (a injeção), tudo acaba em aventura.

P: Há alguma experiência que tenha lhe causado grande impacto? Se sim, conte-nos um pouco sobre, e o que mudou em sua perspectiva após isso.

R: Eu me apaixonei pela Realidade Virtual – é uma forma de estar mais próximo da mente de alguém do que qualquer meio de comunicação criado por nós já atingiu… 

Eu e meu sócio – o produtor Tuca Moraes – estamos pesquisando e experimentando bastante. 

Já estamos aplicando soluções em VR para diversos usos: mercado imobiliário, universo hospitalar e de saúde, entretenimento, treinamentos em geral, preparação de executivos para apresentações em público – e até meditação!

P:-Qual é o papel da criatividade na construção de uma brand experience que se destaca em um mercado saturado de informações e concorrência?

R: Ser criativo, em termos de storyliving, é atuar dentro dessa região da mente do consumidor

Se você faz pessoas viverem experiências e emoções genuínas com sua marca, há algo realmente impresso em suas vidas a partir dali.

P: Como a consistência na mensagem e na estética desempenha um papel importante na construção de uma brand experience duradoura e impactante?

R: Uma realização factível – que leve o consumidor a criar centelhas elétricas e novos impulsos em seus próprios cérebros – já é um bom começo.

A abordagem de storyliving está transformando o marketing e as experiências de marca, destacando o papel da autenticidade, criatividade e tecnologia imersiva na criação de conexões duradouras com os consumidores. 

À medida que as marcas buscam se destacar em um mercado saturado, o storyliving emerge como uma ferramenta poderosa para cativar o público e criar uma brand experience única.