Verão esquentou mas não inovou

O ano de 2015 começou causando, ao mesmo tempo, esperança e angústia para as agências de marketing promocional. Isso porque, apesar de finalmente o “efeito pós-Copa” ter chegado ao fim, e as tendências tecnológicas para o setor serem promissoras, o mercado não está tendo, nesse verão, a quantidade e a qualidade de ações de live marketing que esperava.

Assim como em 2014, muitas empresas ainda parecem “receosas” em investir em ativações diferentes e arriscadas. Prova disso, é a falta de iniciativas para promover o Carnaval, o evento popular mais importante do Brasil. E é dessa maneira que o mercado de live marketing segue nessa maré de estagnação.

Foto: Casa Bem.

Outro fator que também contribuiu nessa desaceleração, foi a queda de faturamento na realização de ações promocionais e eventos. Segundo o Índice Promoview, o ano de 2014 registrou uma baixa de 4,3%.

O percentual negativo se dá pela comparação do faturamento de U$ 20,9 bi obtido em 2014 contra o faturamento de mercado em 2013 que foi maior, na ordem de U$ 21,8 bi .

Foto: Alexandre Campbell

Para Rafael Liporace, presidente da A VERA!, agência responsável pelo Camarote Rio 2015, essa fase menos “ativa” se dá também pela falta de investimentos por parte das marcas. “Esse período atípico no mercado se deve ao menor investimentos das marcas pelas incertezas econômicas, e com isso, menos ‘apetite’ a inovar e jogar no que já tem certeza que dão certo e funcionam, mesmo que essas ações não sejam tão geniais e encantadoras.”

Depois do impacto que a Copa do Mundo Fifa 14 causou, muitas marcas tiveram receio em investir em ações diferenciadas para o verão. Parte delas está preferindo aguardar datas como Carnaval e Dia das Mães para definir a estratégia de marketing para 2015.

Segundo Marcella Mugnaini, sócia-diretora da UP line, isso acaba acarretando verbas menores para as agências de live marketing trabalharem, e logo, ações mais simples e com custos menores.

“Acredito que, assim como a UP, muitas agências não conseguiram grandes verbas disponíveis para os projetos de verão devido ao resultado econômico do fim do ano de 2014, e, assim, a pouca disponibilidade de verba de marketing. Isso pode ter impactado diretamente na potencialidade e inovação das ações.”, afirma a empresária.

Já o empresário Wagner Zaratin, da Pepper, brinca que isso se deve à escolha errada da agência para atuar, e afirma que esse resultado se deve a uma soma de fatores que acabaram prejudicando o Brasil em 2014, e logo, afetaram o verão de 2015.

“Eu acredito que vários são os motivos para essa percepção. Tivemos um ano de investimentos em Copa, onde os que tinham futebol como plataforma destinaram toda a verba do ano, e mais um pouco, para poder se destacar.”, comenta o empresário.

“Seguido disso, tivemos no final do ano eleições, que naturalmente causaram uma retração nos investimentos, ou seja, é possível que as demandas dos projetos executados tenham tido pouco tempo de planejamento e de produção e por isso a falta de novidade, pra quem precisa do verão e estava nessa situação, o ‘feijão com arroz’ virou banquete.”, completa Zaratin.

No Nordeste brasileiro a situação também não é diferente. Muita gente ainda está segurando as “rédeas” preferindo não arriscar nesse início de ano.

“As ações esse ano estão escassas e isso é notório, principalmente em uma praça como a que estou sediada (Salvador-BA), onde essa época costuma ser de altos investimentos em ativações com o público. Em 2015 nada está acontecendo, apenas o que já está ‘guardado na gaveta’. O crescimento está em pausa.”, afirma Vanessa Moreira, diretora da agência 3Promo.

“Creio que existe um cenário de perspectivas negativas quanto economia em geral, não tenho dúvidas de que este é o fator pelo qual as empresas têm segurado investimentos. O País vive um momento onde todos estão esperando as ‘cenas do próximo capítulo’, as indústrias estão aguardando. Noto que isso é geral, não só no nosso setor.”, completa a empresária.

2015: O Ano do Feijão Com Arroz

Muitas marcas preferiram ficar na segurança das ações tradicionais do que investir em algo inovador. A Coca-Cola, por exemplo, que já organizou até mesmo passeios de helicóptero para seus consumidores, nesse ano, produziu as conhecidas garrafinhas de gelo, lançadas originalmente em 2013.