Nesta quinta-feira (21), o Promoview visitou em primeira mão a experiência Mundo Pixar, em Curitiba que abre as portas ao público curitibano nesta sexta-feira (22), no Shopping Jockey Plaza. Com ingressos disponíveis a partir de R$ 60 (meia-entrada) pelo site Disk Ingressos, a atração transforma grandes sucessos do estúdio de animação em cenários imersivos. Mas será que a magia Pixar é suficiente para criar uma experiência completa?
Primeiros passos: introdução e a casa de Up
A experiência começa com uma sala cujo telão curvado transmite orientações aos visitantes. A ausência de uma animação — que é marca registrada da Pixar — para passar as instruções deixou a desejar. Era apenas o áudio com as informações, enquanto qualquer rede de cinema possui uma animação básica para passar as instruções. Depois, foi passado um vídeo convidando as pessoas a seguir no trajeto.
O verdadeiro encanto se inicia na icônica casa do filme “Up – Altas Aventuras”. O primeiro cenário é o exterior de casa, e, ao atravessar a porta, os visitantes são transportados para a sala de Carl Fredericksen. Esse ambiente interno da casa é um dos mais ricos em detalhes de toda a exposição. Enquanto o exterior deixou a sensação de algo faltando por não ter balões reais ou cenográficos, apenas no papel de parede.
Vale ressaltar que essa conexão de ambientes, partindo do exterior para o interior de um mesmo cenário, é muito boa. Depois dessas salas, as próximas são conectadas apenas por corredores pretos.
Cenários impressionantes, mas desconectados
Com 13 salas inspiradas em filmes como “Monstros S.A.”, “Elementos”, “Ratatouille”, “Soul”, “Toy Story” e outros sucessos, a exposição foca no apelo cenográfico. A trilha sonora cuidadosamente escolhida para cada ambiente e detalhes como aromas específicos em algumas salas, como a barbearia de “Soul” e a vila italiana de “Luca” ajudam a despertar os sentidos. Todavia, não havia aroma na sala em que eu mais esperava: a de Ratatouille. Como a visita foi prévia a abertura oficial, talvez a sala tenha algo que estava desativado no momento.
Entretanto, a falta de uma sequência lógica entre as áreas — seja por tema, estilo ou cronologia dos lançamentos — gera uma desconexão. Não há placas, guias ou QR codes que ajudem os visitantes a compreender o trajeto ou explorar mais sobre os filmes.
A interação fica em segundo plano…
Embora os cenários sejam instagramáveis, o que se pode fazer em termos de interação é limitado. Algumas salas apresentam ações interativas, como a lareira da casa de “Up”, que muda de cor ao passar a mão por um sensor, e a sala de “Monstros S.A.”, onde gritos dos visitantes enchem o tanque de energia de Monstrópolis. No entanto, grande parte da experiência se restringe a observar e fotografar.
Ressalto aqui um ponto que trouxe recente no portal: nem todas as pessoas querem estar conectadas o tempo todo. Seja por uma característica de personalidade low-profile ou pela fadiga digital, as experiências precisam oferecer algo há mais do que apenas closes para o Instagram. Afinal, fotos são recordações. E qual a memória real que fica de um momento vazio?
A ausência de recursos tecnológicos mais robustos, como realidade aumentada ou virtual, é outro ponto negativo. Em experiências como a Tutankamon, por exemplo, a tecnologia foi muito mais explorada, com óculos de realidade virtual, com um preço similar de ingresso.
Além disso, em Tutankamon, haviam cabines que, com um filtro de inteligência artificial, geravam uma foto do participante “versão egípcia”. Uma interação como essa encaxaria perfeitamente no Mundo Pixar, ainda mais considerando o sucesso que os “filtros da Pixar” fazem nas redes sociais.
… e a conexão humana também
Resultado do próprio planejamento da trilha, nada na experiência inspira os participantes a interagirem uns com os outros. Para fins de comparação, a Stranger Things Experience contava com várias atividades que promoviam conexão entre os participantes. Além disso, o espaço final da experiência de Stranger Things, com comidas temáticas da série, era perfeito para ficar mais um pouco e conversar com as pessoas.
Nem todos os cenários têm o mesmo apelo
Alguns ambientes valem pelo percurso, como o quarto de Andy de Toy Story. Os móveis gigantes da cenografia fazem com que os visitantes se sintam do tamanho de brinquedos, proporcionando uma perspectiva divertida e lúdica. A atmosfera italiana de Luca também se destacou positivamente como um dos ambientes mais interessantes.
Já outros, como a sala de Divertidamente, decepcionam. O emblemático painel que, no filme, controla o comportamento da Riley, na sala era meramente ilustrativo. Não era possível nem ao menos chegar próximo ao painel para fazer registros. Seria tão difícil incluir uma interação em que as pessoas tocam o botão e algo acontece?
Nesse cenário também faz falta os personagens do filme 2, como a Ansiedade e outras emoções. Todavia, é a experiência estivesse pronta antes do lançamento do filme, em junho.
Outras salas são menores ou com poucos detalhes, e servem quase que só de passagem. A cenografia de Elementos, por exemplo, remete pouco ao filme e não tem muitas oportunidades de foto, enquanto o segundo cenário de Soul, baseado no céu, é basicamente um caminho com nuvens. Por outro lado, essa segunda sala de Soul é uma das únicas que explora o tato, pois os visitantes podem tocar em tudo.
Experiência Mundo Pixar vale a pena?
Com passagens por São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Fortaleza e até destinos internacionais como Madri e Cidade do México, a Mundo Pixar já atraiu mais de 1,9 milhão de pessoas. É inegável que a magia dos filmes e a nostalgia que despertam tornam a visita encantadora para fãs de todas as idades.
Contudo, a exposição parece depender mais da força das marcas Pixar do que de uma experiência inovadora e imersiva. Faltam interatividade, tecnologia e conteúdo adicional que envolvam os visitantes de maneira mais ativa.
Em suma: para quem busca cenários bem-feitos e muitas fotos, é uma boa pedida. Mas aqueles que esperam uma experiência sensorial ou educativa mais rica podem sair com gostinho de quero mais.
Guia dos ambientes do Mundo Pixar:
- Sala inicial de instruções
- Up Altas Aventuras: casa dos balões (exterior)
- Up Altas Aventuras: Sala do Carl Fredricksen
- Monstros S.A.
- Elementos
- Ratatouille
- Luca
- Soul: barbearia nova-iorquina
- Soul: céu
- Carros
- Procurando Nemo
- Divertidamente
- Toy Story
- Fim: loja oficial da Pixar