Escrevo esse artigo justamente no dia em que o Brasil ultrapassa a média móvel de 2000 mortes diárias por Covid, aumentam-se as restrições de funcionamento e a dura realidade da crise sanitária, econômica e política se acentuam.
Mais um mês se passou e os shopping centers voltam a fechar suas portas. Lojistas, sem fôlego financeiro e emocional, ainda tentam respirar criatividade e resiliência que, infelizmente, nem sempre são suficientes para a sobrevivência de seus negócios.
Enquanto isso, no meu mundo virtual e paralelo, fiquei imersa no conteúdo incrível do South by Southwest, – SXSW – que este ano aconteceu, de forma on-line, entre os dias 16 e 20 de março.
É o tipo de evento que pauta o tom criativo para o restante do ano, onde você consegue experienciar novos filmes, músicas e arte.
É lá que podemos nos inspirar com diversos pontos de vista apresentados por líderes visionários que nos colocam para pensar e sonhar com o futuro, e quem sabe se deparar com alguma nova oportunidade de negócio sempre com muita diversão e network.
A reciclagem de inovação é imprescindível para qualquer profissional de mercado.
Ao longo dessa viagem de conhecimento, observei a movimentação das marcas ao redor do mundo e como estão interagindo com o metaverso, e o que essa tendência pode agregar de valor ao varejo pós pandemia, e rapidamente me senti uma protagonista do meu próprio filme.
Transitando minhas atividades rotineiras entre realidades tão distintas, lembrei da obra de ficção-científica Snow Crash, de Neal Stephenson, datada do ano de 1992, a qual deu origem ao termo e inspirou o “Second Life” em 2003. Para quem não se recorda, o metaverso do Second Life estabelece, por meio de seu avatar, a possibilidade de construir e modificar o ambiente virtual que o cerca. O que sempre me intrigou e eu queria buscar entender, dizia respeito de como e porquê inúmeras pessoas buscavam “sair” da vida real, criando um novo mundo paralelo “perfeito” dentro da internet.
Ao longo desses 18 anos, desde o lançamento da “Second Life”, fomos capazes de entender a mistura entre realidade virtual e física, porém, no SXSW me deparei com outra tecnologia que leva a realidade virtual ao extremo: “Extensões digitais”, versões sintéticas de cada pessoa, que podem ocupar nosso tempo livre.
Assim, podemos moldar versões simples, “diminutas” de nós mesmos para fazer o que bem desejarmos. Um desdobramento natural será, claro, criar chatbots que emulem nossa personalidade e que permitam dialogar com outras pessoas. Um concierge pessoal que tenha plasticidade para “atuar” como você no mundo phygital.
Essa tendência foi apresentada pela futurista Amy Webb, fundadora do Future Today Institute, dentro do relatório Tech Trends Report 2021 que relaciona mais de 500 tecnologias que estão reverberando e sendo pesquisadas para reagir e confrontar a desordem global.
A cada edição do SXSW, Amy publica o relatório que representa um mergulho profundo em tudo o que está e irá condicionar o uso de tecnologias e a nossa existência futura, do amanhã para os próximos 15 anos. Consulta obrigatória. Super-recomendo acessar o site.
Todos esses avanços tecnológicos esbarram em questões éticas, cruciais para o futuro da humanidade e que foram muito discutidas em painel do historiador israelense Yuval Noah Harari e da Mayim Bialik, neurocientista e atriz da série Big Bang Theory, deixando todos a refletir.
Entre os cenários apresentados por Amy, eu quero acreditar no denominado “Transformador”, que parte de 2021, imaginando a nós mesmos como agentes visionários capazes de criar um futuro.
É necessário realmente pensar no tipo de experiência humana que queremos ter e deixar de legado para nossos filhos e netos. Essa é uma resposta que cada um de nós precisa buscar.