A partir deste mês, quatro negócios participarão da “Aceleradora AMA – Inovação para Acesso à Água”, programa lançado pela água mineral AMA, da Ambev, que destina 100% do lucro a projetos de acesso à água no semiárido.
O programa, criado em parceria com a Yunus Negócios Sociais, selecionou projetos do Brasil, Estados Unidos e Itália dentre as 72 inscrições recebidas de empreendedores de diversos países. Os projetos selecionados focam na geração, tratamento e distribuição de água em regiões com pouco acesso ao recurso.
A Tenkiv Nexus for Water Purification, uma startup baseada no Vale do Silício, nos Estados Unidos, possui protótipos para dessalinização de água que usam painéis de energia solar, reduzindo consideravelmente os custos do processo. São investidos apenas US$300 para a dessalinização de aproximadamente 76 mil litros d’água. A empresa já realiza projetos piloto no deserto da Califórnia, em local com condições climáticas similares ao semiárido brasileiro.
Outro empreendedor selecionado que visa a geração de água é o da italiana Warka Water, conduzida por Arturo Vitori, arquiteto premiado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Com nove protótipos testados em diversas regiões da África e Itália, o projeto condensa o ar e transforma a umidade em água potável. É possível produzir entre 50 e 100 litros de água por dia, dependendo do clima, com um custo de implementação de US$1.000.
Com uma equipe multidisciplinar de empreendedores liderada por Anna Luísa Bezerra, formada em Lideranças de Novos Empreendimentos pelo MIT e estudante de Biotecnologia, a Safe Drinking Water for All foca no tratamento da água. A startup de Salvador (BA) desenvolveu a Aqualuz, uma tecnologia que utiliza energia solar e filtro de sisal para tratamento e potabilização de água proveniente de cisternas ou de outros reservatórios de pequeno porte. Voltada para regiões rurais com alta insolação, o custo de implementação é de R$800, com capacidade para tratamento de 30 litros de água por dia e durabilidade de sete anos, quando é necessária a troca do filtro e manutenção.
O Projeto Mudas, representado pelo empreendedor e técnico em Agronomia Kevin Brasil, é um sistema de irrigação que combina duas tecnologias, uma de irrigação de baixo custo e alta eficiência aliada a um sensor de umidade do solo. A ideia que surgiu em Iguatu, no Ceará, já foi testada com quinze famílias de produtores que vivem no semiárido e que agora produzem diferentes variedades de hortaliças em terrenos antes improdutivos. Com custo médio de apenas R$8,07, o sistema ajudou a aumentar a renda média mensal de cada família em aproximadamente R$800.
A Yunus Negócios Sociais é a responsável pelo planejamento e condução dos treinamentos, mentorias e workshops. Até janeiro de 2018, os empreendedores selecionados terão a mentoria de profissionais especializados, de acordo com as necessidades de cada negócio. Os empreendedores também conhecerão a realidade e o problema da falta de água no semiárido durante uma imersão em uma comunidade da região, que acontecerá em novembro.
Fundada no Vale do Silício em parceria com a NASA, o Google e o MIT, a Singularity University é responsável pelo conteúdo de tecnologia do programa e apoiará os empreendedores a entenderem como a tecnologia exponencial pode ser aplicada nos seus negócios para aumentar os impactos gerados.
Será interessante acompanhar a aceleração e a troca de conhecimento entre estes negócios, já que os projetos selecionados se complementam dentro do ciclo da água. É isso o que buscamos com AMA, a união entre as pessoas para, juntos, encontrarmos soluções para o problema do acesso restrito à água no semiárido e que ajudem a desenvolver a região de forma sustentável”, afirma Carla Crippa, diretora de sustentabilidade da Ambev.
“Todos os negócios selecionados são de base tecnológica e com alto potencial de impacto. Nossa função, dentro da jornada de aceleração, é também ajudar os empreendedores a levar em conta o contexto social, cultural e econômico do semiárido no refinamento de seus negócios. Por isso, é importante que sejam soluções simples de usar, acessíveis financeiramente, já testadas e com potencial de gerar renda localmente”, afirma Túlio Notini, da Yunus Negócios Sociais e coordenador da Aceleradora AMA.
As empresas foram avaliadas quanto à replicabilidade de seus projetos em comunidades que a AMA já beneficiou, como Jaguaruana, Aiuaba e Capistrano, no Ceará. Outros critérios incluem: solução já testada ou prototipada; potencial de impacto socioambiental; previsão de sustentabilidade financeira; e time de empreendedores envolvidos.
Ao final da aceleração, os empreendedores poderão ser selecionados para receber investimento financeiro para viabilizar seu modelo de negócios. O valor investido é parte do lucro das vendas de AMA.