Relatório aponta volta às raízes das redes sociais, com usuários querendo conteúdos mais reais, mais pessoais e um todo mais autêntico.
2018 definitivamente não foi um ano confortável para as redes sociais. Nunca se falou tanto em privacidade e vazamento de dados, além de vermos grandes empresas como Facebook e Google na mira de investigações de governos de diferentes países.
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Foi também, o ano em que Mark Zuckerberg teve que se explicar no Congresso dos Estados Unidos.
As fake news também tiveram grande impacto em relação às redes sociais. Por um lado, o termo foi amplamente utilizado pelos usuários, mas isso não significa que o entendimento do conceito, nem o questionamento sobre os conteúdos recebidos aconteceram de fato.
E é claro que esses e tantos outros acontecimentos trazem desdobramentos quanto às tendências para as redes sociais no próximo ano.
De acordo com o relatório anual de tendências do Hootsuite publicado por Ryan Holmes, CEO da empresa no Fast Company, podemos esperar 6 grandes inclinações nas redes sociais em 2019. São elas:
Um retorno ao real
As ondas de escândalos, como o caso Cambridge Analytica tiveram um impacto real na fé dos usuários em relação às redes sociais. De acordo com o Relatório de Barômetro de Confiança da Edelman, em 2018, 60% das pessoas disseram não confiar mais nas empresas de mídias sociais.
O cenário de fake news e manipulação de dados também afetou a forma como os usuários se relacionam com influenciadores, tanto celebridades quanto personalidades das mídias digitais.
A desconfiança com os conteúdos publicados é maior, e a confiança do público se voltou para os conteúdos replicados por amigos, familiares e conhecidos. A credibilidade pessoal agora fala muito mais que o número de seguidores.
Para as empresas de mídias sociais, isso representa um desafio delicado em 2019. Usar as redes sociais apenas como outro canal de anúncios parece cada vez mais fora de sintonia com as preferências do usuário. Em vez disso, quem já entendeu o cenário se concentrará menos em maximizar o alcance em 2019 e mais em gerar engajamento transparente e significativo.
Marcas como Adidas e o The New York Times, por exemplo, já começaram a apostar nisso criando comunidades focadas e permitindo a interação dos próprios usuários entre si.
Stories, stories e mais stories
O uso do recurso Stories está crescendo 15 vezes mais rápido que o compartilhamento de conteúdo no feed. Segundo Chris Cox, chefe de produto do Facebook, os Stories devem superar os feeds como a principal maneira de as pessoas compartilharem coisas com seus amigos já em 2019.
Com isso, as empresas que buscam se manter relevantes nas redes sociais precisam melhorar suas performances nos Stories de todas as redes sociais: Instagram, Facebook, WhatsApp e Snapchat.
Dois terços dos entrevistados da pesquisa do Hootsuite implementaram o Instagram Stories em seus negócios ou pretendem fazê-lo no próximo ano. Isso significa repensar posts com menos blocos de texto e mais uso de recursos multimídias. Integrar vídeo, gráficos simples e um arco narrativo é fundamental, mas é importante não perder de vista a autenticidade.
O The Guardian, por exemplo, percebeu há algum tempo que Stories menos polidos e mais realistas geram maior engajamento.
A ascensão do Linkedin
Basicamente, em 2018 o Linkedin viu o circo pegar fogo com os escândalos de outras redes sociais enquanto nada o parecia o preocupar. A rede voltada para o mercado profissional passou dos 500 milhões de usuários neste ano, gerando um conteúdo potencial de mais de 100 mil artigos por semana na plataforma.
Funcionalidade de grupos, vídeos e a possibilidade de integração com aplicativos de terceiros mostram que em um momento em que outros feeds estão cada vez mais cheios de discursos de ódio e memes, o Linkedin tem um apelo mais forte do que nunca. Assim, a plataforma é cada vez mais um canal para atingir os consumidores.
Crescimento dos grupos no Facebook
Embora seja um recurso que está no Facebook desde a sua criação, o interesse renovado dos usuários em privacidade tem feito os grupos crescerem “de repente”.
No ano passado, o número de membros do Facebook cresceu 40%, com 1,4 bilhão de pessoas usando grupos todos os meses. De fato, bem antes do caso Cambridge Analytica, a plataforma já havia recalibrado seus algoritmos para priorizar o envolvimento com amigos, familiares e grupos.
Segundo o Hootsuite, 2019 é o ano das empresa encontrarem maneiras de explorar o interesse ressurgente em grupos e o desejo dos usuários de ter um espaço seguro para discussão. E aqui a exclusividade com Grupos Fechados pode ajudar.
Conversas pessoais
Juntos, Facebook Messenger e WhatsApp possuem mais de 2,8 bilhões de usuários. Adicione plataformas populares chinesas como WeChat e QQ, e a maior parte do planeta está em aplicativos de mensagens. Em vez de compartilhar abertamente nas redes sociais, os usuários optam por se envolver em conversas privadas ou em pequenos grupos.
Para as empresas, isso também traz novos desafios. Os canais de mensagens são a próxima plataforma para alcançar clientes ou os usuários não permitirão intrusos nesse espaço?
Ainda sem uma resposta formal, o que se sabe por enquanto é que para o atendimento ao cliente este canal funciona. 9 entre 10 consumidores querem usar mensagens para se comunicar com as empresas, embora menos da metade das empresas que responderam à pesquisa do Hootsuite usem o recurso.
Os bots de mensagens que usam inteligência artificial costumam ser a ferramenta mais usada pela empresas que usam chats no atendimento ao cliente, mas estima-se que 70% das interações de bots do Facebook são falhas e exigem intervenção humana.
A Sephora é uma das empresas que entenderam a importância da interação pessoal e implantou um exército de chatbots para ajudar com tutoriais e sugestões de produtos em mensagens aos clientes, mas com pessoas reais de plantão quando para ajudar a qualquer momento.
O desafio de destacar anúncios
Os anúncios (conteúdos patrocinados) estão presentes em todas as redes sociais. O Facebook sozinho responde por quase 1/4 de todos os gastos com publicidade digital nos Estados Unidos, enquanto mais de 3/4 dos entrevistados para o relatório investirão em anúncios ou planejam fazê-lo no próximo ano.
Mas se destacar neste grande mar de conteúdos patrocinados está cada vez mais difícil. No Facebook, o custo por mil impressões (medida padrão conhecida como CPM) saltou 112%. Enquanto isso, os usuários mais atentos estão filtrando mais esses mesmos anúncios, principalmente ao usar ferramentas de bloqueio.
Assim, embora as empresas possam estar pagando mais do que nunca pelos anúncios, isso não garante que ninguém está prestando atenção. Por isso, 2019 pode trazer uma diminuição nos banners sem graça no feed e um aumento de “campanhas completas”, projetadas para gerar engajamento e discussão, como Spotify e Netflix sempre apostam.
Em um resumo sobre as tendências em redes sociais para 2019, o que está claro é que os paradigmas sociais estão mudando. No começo, as redes sociais eram um lugar para se conectar com pessoas que você realmente conhecia ou, pelo menos, queria conhecer.
O “negócio cresceu” e a popularidade global transformou esses espaços digitais em algo pouco íntimo, cheio de personalidades, práticas duvidosas e um campo quase agressivo de vendas. Mas os usuários já cansaram disso e estão começando a exigir mais qualidade nos conteúdos, pedindo uma maior transparência em troca de seu tempo e suas informações.
É como se as redes sociais começassem a voltar às raízes, com tudo mais real, mais pessoal e mais autêntico.