A Comscore e o Statista, uma das principais plataformas de estatísticas do mundo, acabam de divulgar uma análise sobre o impacto econômico e as principais repercussões do Covid-19 no setores ligados à internet na América Latina.
As empresas trabalharam na coleta de informação de mais de 22,5 mil fontes diferentes, além de pesquisas proprietárias e métricas independentes, em busca de insights e ferramentas para guiar a tomada de decisões nos próximos anos.
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A análise do Statista identificou que o uso da internet na América Latina atinge quase dois terços da população (63%), sendo o Chile o país com o uso mais amplo (82%) entre os cidadãos.
O Brasil ficou posicionado na quarta colocação, com taxa de penetração de 71% de usuários entre os brasileiros. Além disso, a empresa comprovou que mais da metade (55%) dos latino-americanos acessam a internet por meio de dispositivos móveis e a previsão é que esse percentual chegue a 64% em 2025. No Brasil, essa taxa é de 97 usuários de internet móvel a cada 100 habitantes.
E-commerce impulsionado
O impacto do distanciamento social imposto pelo Covid-19 destacou a consolidação e crescimento do e-commerce na América Latina.
A análise mostra ainda que, durante a pandemia, a taxa de crescimento das vendas online no País foi de 130% – na América Latina, esse valor foi de 230%. A categoria alimentos e cuidados pessoais foi a que mais cresceu.
Outro ponto de destaque foi o papel representado pelas fintechs na retomada da população sem banco ao sistema bancário da região.
O uso do serviço por país em 2019 foi de 76% na Colômbia, 75% no Peru, 72% no México, 67% na Argentina, 66% no Chile e 64% no Brasil.
Entre os brasileiros, 141 mil são usuários de pagamentos digitais, 110 mil utilizam as plataformas para empréstimos alternativos e 41 mil para finanças pessoais.
Comportamento e termos em alta nas redes
Quanto ao uso e comportamento dos latino-americanos na internet nos últimos meses, o Statista registrou aumento do tráfego de conexões fixas de 40% na Colômbia e 30% no Equador durante a pandemia.
A empresa estima que o número de usuários de internet no Brasil pode chegar a 158 milhões em 2025.
Entre os assuntos de destaque nas redes, em março, a busca pelo termo “Netflix” cresceu 47% no Google, enquanto as pesquisas por “restaurante e “cinema” diminuíram 34% e 42% respectivamente.
Além disso, tópicos de finanças e governo dominaram as postagens no Instagram, enquanto esportes e viagens perderam relevância na plataforma.
Brasil e México dominaram as postagens em mídia social sobre Covid-19 região, sendo responsáveis por mais da metade das publicações a respeito do tema.
Na divisão, o Brasil respondeu por 29% do conteúdo e o México por 23%. Na sequência, vieram Argentina (19%), Colômbia (14%), Chile (11%) e Peru (4%).
No Facebook, os usuários preferiram as postagens em vídeo (41%) para se expressar sobre a pandemia, já os conteúdos em links representaram 33% das publicações, 24% foram fotos e apenas 2% foram atualizações de status.
Além disso, o uso de aplicativos de mensagens instantâneas registrou aumento expressivo. Entre os proprietários de smartphones no Brasil, o WhatsApp foi o preferido: 93% dos brasileiros disseram usar aplicativo com frequência diária em janeiro de 2020.
“Essa presença das plataformas de mensagens instantâneas guiaram a comunicação no momento de isolamento social. Em meu dia-a-dia, percebo o papel relevante que essas ferramentas têm desempenhado para manter as relações mais próximas e atuais.”, afirma Anna Hadba, country manager da Statista Brasil.
Os dados apurados pela Comscore reforçam os insights trazidos pelo Statista. A companhia identificou que a tendência de menções das palavras “Coronavírus” ou “Covid-19” movimentaram as postagens ao redor do mundo entre fevereiro e maio de 2020, de acordo com o aumento do número de casos nas regiões.
No entanto, nos últimos 90 dias, os termos parecem ter sido saturados e a curva de registros apresenta uma queda entre julho e agosto.
Procura por portais de notícia, categorias de alimentação/mercado e aplicativos de mensagem instantânea
Na América Latina, a pandemia ainda trouxe consigo milhões de pessoas em seus lares buscando informações sobre as últimas atualizações do vírus em seus países.
No México, a categoria de “News/Information” alcançou um total de 160 milhões de visitas por semana em abril. No Brasil, o pico foi de 100 milhões no mesmo mês.
Além disso, as visitas a portais de negócios e finanças no País chegaram a 85 milhões no mesmo período – foi um número que cresceu significativamente em toda a região devido às constantes mudanças nas regulamentações financeiras enfrentadas nos últimos meses.
Outras marcas da crescente digitalização apontam que os supermercados superaram seus índices de vistas digitais com a chegada da pandemia do novo Coronavírus.
No México, a categoria de food/supermarket/grocery teve um crescimento de visitas totais em maio de 2020, atribuídas ao “hot sale”, a maior campanha de vendas on-line no país.
Além disso, com as crianças em casa, os sites de educação apresentaram índices muito elevados em comparação a janeiro de 2020, em especial na Argentina e no Chile.
Assim como o Statista, a Comscore também identificou o crescimento do uso de ferramentas de mensagens instantâneas a partir da confirmação dos primeiros casos de Covid-19 na região como resultado do distanciamento social.
Os picos foram de 101 milhões de visitas digitais no Brasil e 32 milhões no México no mês de maio. Em junho, o número continuou alto, registrando 86 e 22 milhões de visitas em cada país, respectivamente.
Indústrias afetadas pelo Covid-19
Entre os diferentes setores da indústria, os sites imobiliários registraram números positivos entre abril e junho, apesar do impacto da pandemia.
O mercado automotivo também mostrou oportunidades de voltar aos índices normais de consumo digital com a volta da movimentação entre maio e junho.
Apenas os sites de viagem e turismo registram baixos índices de aumento de audiência digital na região. Ainda assim, à medida em que o turismo reabre suas portas na Europa, o consumo digital dessa categoria volta a crescer entre os europeus. O mesmo deve ser esperado para a América Latina.
“Em nossa análise, além de olhar o mercado latino-americano, também buscamos dados de outras economias para entender possíveis impactos da pandemia na região. Percebemos que à medida que a economia dos Estados Unidos começou a reabrir, o consumo digital também registrou altos índices em comparação aos níveis pré-pandemia.”, comenta Eduardo Carneiro, diretor-geral da Comscore no Brasil.
“As dez principais categorias visitadas em plataformas on-line foram: Educação, entretenimento, família e juventude, serviços financeiros, games, governo, saúde, notícias e informação, varejo e mídias sociais. A tendência é que isso seja replicado regionalmente com a retomada da economia pós-Covid.”, completa o executivo.
A apresentação completa dos dados pode ser acessada aqui.