Flavia Goldenberg mais uma vez empresta seus conhecimentos ao Promoview por meio do seu artigo “Não se iluda”, no qual apresenta um paralelo sobre como as empresas se comportam diante da sustentabilidade focada no econômico, ambiental e social.
Todos nós nos perguntamos a todo tempo se de fato as empresas cumprem com seu papel sócioambiental por valorizarem a humanidade e nosso planeta, ou se o foco desta atitude está no lucro.
Os fatos e as atitudes devem ser analisados em conjunto. Não podemos condenar nem idolatrar empresas sem um maior cuidado na análise de seu posicionamento. Na medida em que tomamos contato com casos práticos, percebemos que é muito fácil chegar a conclusões equivocadas e distorcidas.
As empresas que legitimamente têm feito esforços para desenvolverem práticas sustentáveis em seus negócios estão em desenvolvendo estes processos e sempre estarão e, portanto todas elas têm fragilidades.
Algumas fazem isto apenas para se inserirem no mercado, tratando o assunto de forma pragmática de acordo com aquilo que resulta em maior valor econômico para suas ações.
Por isso é com cuidado que trago a luz alguns dados do relatório Rumo à Credibilidade de 2008.
Trata-se da primeira edição de uma pesquisa de relatórios de sustentabilidade no Brasil. Uma publicação do programa Global Reporters publicado pela SustainAbility Ltd, Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS) e Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
Toda esta reflexão veio à tona quando li no prefácio do conselho consultivo a seguinte citação de Cristina Montenegro, representante do Pnuma no Brasil:
“O crescimento do relatório de sustentabilidade é um movimento liderado por companhias com presença global e interessadas em um melhor posicionamento no mercado externo. Alguns obedecem aos critérios exigentes da Global Reporting Initiative, enquanto outros ainda são utilizados como instrumento de marketing.”
No sumário executivo, reforçando este ponto de vista lê-se o texto abaixo que sugere certa “imposição” de fora para dentro das empresas dando a entender que nem sempre a atitude responsável vem da consciência humanitária e sim da consciência monetária.
” Garantir a credibilidade dos relatórios de sustentabilidade das empresas brasileiras tornar-se-á cada vez mais importante para conquistar a confiança de investidores, consumidores, governo e formadores de opinião em todo o mundo. Sem isto, haverá pouca licença para operar, inovar e prosperar.”
Reforça a questão de que o aspecto econômico é o que propulsiona os esforços em sintonia com a sustentabilidade. De certo modo um alívio toma conta de mim, pois na medida em que interesses financeiros estão em jogo, estas questões serão levadas a sério.