Quando se trata de atrair a atenção dos consumidores, os elementos visuais adquirem um grande destaque na maioria das ações de marketing que, embora sejam um elemento atrativo para muitos, para outros geralmente é uma barreira.
O problema surge quando o público-alvo das empresas não envolve pessoas com deficiências visuais ou auditivas, com as quais elas acabam não se comunicando da maneira mais eficaz. Embora o caminho para uma igualdade ainda seja longo, existem empresas cujo compromisso em torno da acessibilidade de todas as pessoas à publicidade de marcas é absoluto.
A P&G, neste contexto, é uma das que mais luta pela inclusão, e para isso trabalha em várias iniciativas para trazer marcas e consumidores, sob a liderança de Sumaira Latif, chefe de design global da marca.
Nos últimos 3 anos a executiva desenvolveu os princípios de design inclusivo na empresa e ajudou os diferentes negócios da P&G a entender o potencial e as oportunidades de negócios derivados deste público.
Os vídeos deste artigo estão em inglês, no entanto é possível ativar as legendas em português do próprio Youtube.
A integração da audiodescrição na publicidade audiovisual é um dos projetos mais ambiciosos da empresa que nasceu em 2016 inspirada na experiência do próprio Latif. Confira a mesma propaganda com audiodescrição:
"A resposta tem sido fantástica e estou animado para continuar trabalhando com cada empresa para fabricar produtos que satisfaçam a todos, incluindo pessoas com deficiências", diz Latif em entrevista à MarketingDirecto.com.
"Percebi que há 2 milhões de pessoas como eu, com pouca ou nenhuma visão, no Reino Unido, que não podem aproveitar nossos anúncios engraçados porque são extremamente visuais. Eu sei que existem outras pessoas com visão deficiente que são tão apaixonadas pela audiodescrição quanto eu. É um direito humano básico para que todos possam desfrutar de publicidade e a P&G tem o prazer de reconhecer e oferecer este serviço", explica ela.
Barreiras de marketing não afetam apenas os cegos no Reino Unido, mas é um problema global. "Ninguém conscientemente projeta produtos que impeçam as pessoas com deficiência de usá-los, mas, infelizmente, a realidade é que as necessidades dessas pessoas não estão sendo colocadas no centro ao projetar", diz Latif.
Trata-se de criar uma win-win que não seja apenas benéfica para as marcas em termos de reputação, mas também a nível de negócios, porque, "ao tornar a oferta mais abrangente, você aumenta o número de pessoas que podem desfrutar dos produtos". Esses tipos de iniciativas não são apenas responsáveis pelos resultados do negócio, mas também criam empatia e conscientização sobre os desafios sociais que as empresas têm a responsabilidade de resolve-los."
Confira um pouco mais sobre a executiva e a causa no vídeo abaixo:
Além disso, salienta que, à medida que a população envelhece e com alguns dados que apontam para isso, em 2030, aqueles com mais de 50 anos irão exceder aqueles que estão abaixo dessa idade. "Mais e mais pessoas terão problemas com as mãos, visão e mobilidade, por exemplo. Portanto, se os produtos são acessíveis, significa que todos podem apreciá-los".
Sobre a maneira como as marcas devem enfrentar essa mudança de perspectiva, Latif ressalta que se trata mais de abordar o design de produtos desde o início, do zero, do que procurar uma solução ou uma mudança para os já existentes.
Por fim, aconselha as empresas a incluírem nas equipes a diversidade que existe na sociedade e nos consumidores. "Não tenha medo, certamente cometer erros, mas aprender ao longo do caminho", diz ele e encorajados a oferecer às pessoas com deficiência "oportunidades reais" e "eliminar o preconceito inconsciente" que ainda existem na sociedade e, portanto, na mercado.
Esta matéria foi adaptada do site espanhol MarketingDirecto.com