Com discurso de sustentabilidade e apelo retrô, a indústria de bebidas volta ao passado das garrafas de vidro retornáveis para combater os estragos que a recessão provocou em sua demanda.
Ao consumidor elas proporcionam redução de até 30% no preço da recompra, uma economia que pode compensar a perturbação de guardá-las vazias em casa até a próxima visita ao supermercado, em vez de descartá-las no lixo imediatamente.
Para o fabricante é a garantia de que o cliente repelido pela crise repetirá a compra, uma vez que tem o estímulo de devolver os vasilhames para obter desconto, estratégia para fidelizar o consumidor.
Para a AmBev, que teve queda de 10% no volume de vendas de cervejas no primeiro trimestre no País, elevar a venda em garrafas retornáveis é hoje uma prioridade.
“Em janeiro de 2015, o retornável representava 4% das vendas totais de cerveja nos supermercados. Ao fim de 2015, subiu para 14,4%.”, diz Bernardo Novick, vice-presidente da companhia. Hoje, esse percentual alcança 26%.
A embalagem já está em 70% das lojas que a AmBev atende, mas a integração completa dos pontos de venda requer investimento.
Reintroduzir um hábito antigo exige adaptação do consumidor, que perdeu o costume de guardar vasilhames usados, e ajustes no ponto de venda, que já não tem mais a estrutura para receber, higienizar e armazenar o material até a devolução à indústria, segundo Marcelo Falcão, diretor da Premier Pack, que fabrica embalagens de vidro.
Para isso, a AmBev investiu na logística reversa. Está instalando máquinas coletoras nos supermercados, onde o cliente deve inserir seus vasilhames e retirar um tíquete que indica o número correspondente para trocar pelo desconto.