A realidade virtual vem se tornando, com o passar do tempo e com o perdão do trocadilho, uma realidade mais próxima.
A tecnologia vem sendo aplicada em vários setores, sendo o cinema um deles. E uma das profissionais mais reconhecidas nessa nova forma de construir narrativas é Jessica Brillhart.
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A americana fez carreira no Google. Lá, chegou a comandar um departamento que desenvolvia novos formatos em realidade virtual para produções audiovisuais.
Em 2017, pediu demissão e encarou o desafio de empreender: abriu, no ano seguinte, a Vrai Pictures.
Jessica participou, no dia 12/03, de um painel no SXSW, que ocorre em Austin, no Estado americano do Texas.
Durante o evento, Jessica falou de novos paradigmas trazidos pelo uso da realidade virtual no cinema. Também exibiu alguns de seus trabalhos, mostrando que a nova tecnologia pode emocionar e fazer rir.
Segundo a especialista, seu interesse em produzir filmes existe desde a infância e lhe trouxe o interesse em fazer faculdade na área. Seu primeiro contato com o lado técnico da sétima arte aconteceu em uma livraria de Nova York.
“Tinha um livro muito bom sobre o Final Cut [um software de edição de vídeos], mas era muito caro. Então ia até a livraria e ficava lá, lendo. Foi assim que minha jornada começou.”, afirma.
Posteriormente, ela foi admitida na Universidade de Nova York, onde se formou em produção de filmes e televisão. Entre 2009 e 2017, trabalhou no Google. Primeiro, integrando a equipe de vídeo do Creative Lab, um dos braços de inovação da empresa. Em 2015, passou a criar conteúdos para narrativas imersivas.
Segundo Jessica, filmes em novos formatos trazem consigo experiências inéditas. Em um filme normal, numa tela em 2D, o espectador tem apenas um lugar para olhar: a tela. Na realidade virtual, ao colocar os óculos normalmente utilizados para experiências imersivas, é totalmente diferente.
“É possível ver detalhes do filme espalhados à sua frente, à direita, à esquerda, acima e abaixo.”, diz ela. “Isso faz com que a criação de conteúdo seja mais complexa, pois o cineasta precisa montar uma cena em 360 graus.”
Já o espectador ganha autonomia nessas novas narrativas. “Ele olha para onde quiser. É claro que o cineasta vai usar recursos que atraiam sua atenção para um determinado ponto, mas se a pessoa quiser ver outras coisas, ela terá esse direito”, afirma Jessica. “Com isso, as pessoas não são mais espectadoras, mas visitantes. E a obra se torna um mundo a ser explorado.”
Com toda a complexidade trazida pela produção e edição de imagens em 360 graus, não há filmes muito longos usando realidade virtual. E o trabalho de Jessica, por sua vez, mescla conteúdos mais complexos e sérios com vídeos engraçados e de estética kitsch e vintage.
O primeiro trabalho de Jessica a se tornar conhecido foi ao ar enquanto ela estava no Google. Batizado de Conditions at Omaha, o trabalho exibe, em várias direções, telas de previsões do tempo antigas do Weather Channel.
Boa parte delas são de Omaha, maior cidade do estado de Nebraska. A trilha sonora é do saxofonista Kenny G. O conjunto da obra desperta um misto de nostalgia, humor e certo conforto. Ao exibir o trabalho no painel, Jessica arrancou risos da plateia.