Flavia Goldenberg*
Quem acompanhou meu último artigo “Não se Iluda” se deparou com a afirmação de Cristina Montenegro, representante do PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente no Brasil que reproduzo abaixo novamente.
“O crescimento do relatório de sustentabilidade é um movimento liderado por companhias com presença global e interessadas em um melhor posicionamento no mercado externo. Alguns obedecem aos critérios exigentes da Global Reporting Initiative, enquanto outros ainda são utilizados como instrumento de marketing.”
Esta citação foi extraída do prefácio da primeira edição de uma pesquisa de relatórios de sustentabilidade no Brasil. Uma publicação do programa Global Reporters publicado pela SustainAbility Ltd, Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS) e PNUMA.
Por tratar-se de um relatório respeitado é que o tratamento dado ao marketing me deixou bastante preocupada.
A humanidade já se utilizou de diversas descobertas da ciência para o bem e para o mal. O exemplo mais evidente é a descoberta da energia nuclear que já foi personagem de destruições e, ao mesmo tempo, de benefícios imensuráveis.
Assim como a tecnologia nuclear, o marketing pode ser usado de forma positiva ou negativa. O marketing é uma ciência que tem como objetivo divulgar, promover, relacionar e interagir com o público. O conteúdo e a intenção desta comunicação sejam ele, bons ou ruins, verdadeiro ou falso, é definido por quem o utiliza.
Portanto, o que preocupa a nós, profissionais do marketing, é a conceituação do marketing como uma solução para transmitir uma realidade distorcida ao bel prazer daqueles que querem manipular a opinião do público.
O marketing assim posto torna-se sinônimo de picaretagem, quando, na verdade, o problema são as empresas que se utilizam do marketing para transmitir mensagens indevidas.