A virada de ano foi movimentada para o casal Osmar Santos e Adelaide Scritori. Considerados os “filhos do tempo” os representantes da Fundação Cacique Cobra Coral estiveram em eventos sem nenhuma conexão como o John John Rocks em Jericoacoara (CE) e a posse do novo presidente do Brasil em Brasília.
Mas o que há em comum nestes acontecimentos? A garantia aos organizadores de que a chuva não vai aparecer.
Empenhado em “intervir nos desequilíbrios provocados pelo homem na natureza”, o espírito do velho Cacique Cobra Coral se manifesta no Brasil e faz clientes entre agências de live marketing, produtoras de shows, governos e até em casamentos reais.
Em nosso mercado, empresários consagrados como Roberto Medina, Abel Gomes e José Victor Oliva usam os serviços espirituais da Fundação há mais de duas décadas quando seus eventos são a céu aberto.
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Nesta semana, um post de Victor Oliva, que acompanhava o John John Rocks, ao lado de Osmar Santos comprova esta preferência.
Cacique Cobra Coral foi pauta na cobertura presidencial da Revista Isto É. Segundo a publicação, “um admirador” de Jair Bolsonaro contratou os serviços para afastar o risco de que as chuvas previstas para o dia 1º afetassem a solenidade de posse do novo presidente em Brasília.
Apesar de o dia ter amanhecido chuvoso, os trabalhos da Fundação Cacique permitiram que após as 13h o tempo começasse a melhorar e abrir gradativamente.
Osmar Santos posa ao lado de Victor Oliva na virada do ano em Jeri (Reprodução Instagram @victoroliva).
“As pessoas ficam incrédulas quando tomam conhecimento do Cobra Coral. O fato é que funciona mesmo.”, observa o nosso editor Julio Feijó.
“Acompanho a movimentação do mercado e conheci o Cobra Coral no tour Coca-Cola Vibezone, em 2003. Tanto em São Paulo, na área da Hípica, como na área do Jóquei em Porto Alegre, o tempo era chuvoso o dia inteiro e a noite foi como se tivesse aberto um quadrado no céu sobre a área do evento, e, no horizonte, nós ficávamos olhando para todos os lados do horizonte e o céu estava todo preto, com muita chuva.”, comprova Feijó que testemunhou os fenômenos.
Já uma fonte ligada à Fundação informou à reportagem que eventualmente conta com o auxílio de um professor aposentado da USP, de um pesquisador do Inpe e de outros conselheiros – até o escritor Paulo Coelho já foi um deles, atuando como vice-presidente entre 2002 e 2005.
A Fundação não cobra pelos serviços, mas solicita aos que se beneficiam do isolamento (como eles denominam a ação que impede a chuva) uma doação que varia entre 25 e 30 mil reais dependendo do porte do evento e do tempo de antecedência da contratação.
Contrata-se, na verdade, a Corporação Tunikito, um conglomerado com mais de dez CNPJs (El Niño Administração, Nostradamus Corretora de Seguros, La Niña Metereology, TWX Capas de chuva etc.) cuja sede fica na cidade de Guarulhos, em São Paulo.
A contratação pode incluir uma série de bens e serviços, como boletins meteorológicos, seguros contra desastres, aluguel de veículos e de capas de chuva.
Mas, é natural que quem contrate a Tunikito espere uma retribuiçãozinha providencial do cacique, afastando a chuva no dia de seu evento. A Fundação seria mantida com 20% dos lucros da Tunikito.
Convênios com órgãos públicos são gratuitos. Em troca, a Fundação pede aos governos que apresentem um comprovante de tudo que fizeram para reduzir os danos ambientais. Quem são os clientes particulares ou quanto pagam, a FCCC não revela, dizendo apenas que eles estão espalhados por 17 países diferentes.
Os integrantes da Fundação não confirmam estas informações porque não dão entrevistas. Eventualmente respondem pelo e-mail “The Weather Son”, o filho do tempo, como se denomina Osmar Santos, que apareceu na foto do Insta de Victor Oliva.
Osmar Santos e Adelaide Scritori comandam a Fundação Cacique Cobra Coral.
Osmar é marido da médium Adelaide Scritori. Juntos, segundo o site oficial, eles atuam “Para intervir nos desequilíbrios provocados pelo homem na natureza”.
Adelaide é a responsável pelo trabalho espiritual (ela prefere o termo “operações”), enquanto Osmar é “o homem do marketing”, que trabalha usando uma conexão concreta, via celular, tablet e notebook.
Já Adelaide opera com o cacique, conectada pelo espiritismo. Conheça a história desta intrigante entidade
Adelaide e Osmar se conheceram quando eram promotores comerciais da Clam Clube de Assistência Médica, uma empresa do Grupo Silvio Santos. “Sempre trabalhamos com vendas.”, ele conta. Quando não estão atuando como “senhores do tempo”, Adelaide trabalha como corretora de imóveis de luxo, “de acima de R$ 1 milhão”; o forte de Osmar são os seguros de automóveis.
Osmar e a imagem do Cacique.
A Fundação Cacique Cobra Coral foi fundada em 1931 por Ângelo, pai de Adelaide. Ele teria sido o primeiro Scritori a receber o espírito do índio norte-americano, que antes haveria encarnado no ex presidente Abraham Lincoln e no cientista Galileu Galilei.
Adelaide incorporaria também “uma equipe de engenheiros siderais, cada um responsável por um fenômeno da natureza”, e teria o dom de prever o futuro – no site da Fundação há a cópia de uma carta supostamente enviada à Casa Branca comunicando ao presidente George W. Bush sobre o atentado de 11 de setembro, um mês antes do ocorrido.
Suas habilidades mediúnicas estão sendo transmitidas para Jorge, o primogênito, 33 anos, de seus três filhos, sacerdote em um centro umbandista.
“Geralmente, quem vai até os eventos é Osmar. Adelaide fica em um hotel na cidade ou em algum ponto estratégico. Ele chega e começa a mapear as dissipações das nuvens, medir a umidade relativa do ar. E não larga do laptop.”, conta Feijó.
A presença da entidade nem sempre é garantia de tempo sêco. A falha no Rock in Rio 2015, na noite do show da Kate Perry foi destaque na imprensa, veja aqui
A confiança é tanta que não é raro ouvir nas reuniões de produção dos grandes eventos a pergunta: “Já chamaram o pagé?”. Isso demonstra a preocupação para que nada dê errado nestas ações de live marketing onde não se tem uma segunda chance para acertar.